Brasil/Eleições: Bolsonaro usa Lula da Silva para atacar Haddad em propaganda televisiva
Brasília, 26 out (Lusa) - O candidato da extrema-direita Jair Bolsonaro recorreu hoje à prisão do ex-Presidente Lula da Silva para atacar o candidato Fernando Haddad (PT, esquerda), que antes tinha voltado a alertar sobre o "ódio" que Bolsonaro encarna.
Ambos os candidatos, que vão disputar a segunda volta das eleições presidenciais no domingo, fizeram hoje uso das suas últimas aparições televisivas de propaganda e mantiveram o mesmo tom que têm usado ao longo da campanha.
Bolsonaro usou como argumento a corrupção que o Partido dos Trabalhadores (PT) enfrenta, cuja referência principal é o ex-Presidente brasileiro Lula da Silva, preso desde abril e condenado a 12 anos por corrupção, substituído como candidato presidencial precisamente por Haddad.
"A corrupção é uma praga que tira a comida da mesa, que retira as crianças da escola", impedindo o desenvolvimento de um país, afirmou um locutor no espaço televisivo de Bolsonaro, na qual reiterou que Haddad "foi à prisão pedir a bênção de Lula" para ser candidato.
O candidato da extrema-direita, antigo capitão do Exército, voltou a afirmar-se como um político "limpo" perante os tribunais e como um candidato "anti-sistema", apesar de ocupar um assento na Câmara dos Deputados há quase três décadas.
"Sou uma ameaça aos corruptos", disse Bolsonaro no seu último anúncio na televisão, no qual foram apresentados vídeos com confissões sobre práticas corruptas que alguns líderes do PT prestaram diante da Justiça.
Num desses vídeos, o ex-ministro Antonio Palocci dá detalhes sobre os escândalos contra Lula da Silva, figura política que se tornou hoje no principal alvo de Bolsonaro, ao ponto de se referir a Haddad como "o fantoche do presidiário".
Por outro lado, Haddad insistiu que apoiar Bolsonaro significa favorecer o "ódio e a violência" no Brasil.
A campanha do PT voltou a criticar a recusa de Bolsonaro em participar nos quatro debates televisivos previstos para as últimas três semanas, que foram justificados pela necessidade de repouso devido ao ataque à faca que Bolsonaro sofreu num ato de campanha, em setembro passado.
"Bolsonaro fugiu do debate e esconde-se do país para esconder as suas declarações desequilibradas", disse um locutor na propaganda televisiva do PT, após serem mostrados vídeos com declarações polémicas do candidato da extrema direita, todos de caráter sexista, racista ou homofóbico.
No entanto, a mensagem do candidato do PT não surtiu efeitos na população brasileira até ao momento, que, de acordo com todas as sondagens de opinião, coloca Bolsonaro como favorito para vencer a eleição de domingo.
Segundo a última sondagem, divulgada na quinta-feira pela empresa Datafolha, Haddad diminuiu a diferença para Bolsonaro, mas ainda assim o candidato da extrema-direita obteve 56% das intenções de voto, contra 44% do seu adversário.
MYMM // PVJ
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