Brexit: PM britânica admite erro quando acusou europeus de passar à frente de outros imigrantes
Londres, 26 nov (Lusa) - A primeira-ministra britânica admitiu hoje que errou ao afirmar que os europeus estavam a passar à frente na fila de outros imigrantes para trabalhar no Reino Unido.
"Não devia ter usado aquela linguagem", reconheceu Theresa May hoje no parlamento, após ser confrontada no parlamento britânico pela deputada escocesa Philippa Whitford, que acusou Theresa May de "insultar e zangar cidadãos europeus" como o marido alemão, um médico que está no país há vários anos, com os "comentários insensatos e insultuosos".
Em causa está o discurso na semana passada na conferência anual da organização patronal Confederação da Indústria Britânica (CBI), em que a chefe de governo argumentou que a futura política de imigração britânica a aplicar após o 'Brexit' será baseada em competências e não na nacionalidade.
"No futuro já não será possível aos cidadãos da UE, independentemente das competências ou da experiência que têm a oferecer, poderem passar na fila à frente dos engenheiros de Sydney ou dos programadores de informática de Deli", prometeu May.
O controlo da imigração, vincou, foi uma das pretensões dos eleitores quando 52% votaram a favor da saída da União Europeia no referendo de 2016, alegou.
"Eu disse desde o início que os direitos dos cidadãos era uma questão chave que queria ver resolvida no acordo de saída. Era uma das nossas prioridades e conseguimos", reivindicou hoje a primeira-ministra.
Porém, acrescentou, muitos britânicos "querem que as pessoas sejam julgadas sobre as suas competências e contribuição para a nossa economia, em vez de simplesmente do sítio de onde vêm".
May já tinha sido criticada por outros deputados, incluindo pelo líder trabalhista, Jeremy Corbyn, e também pela secretária-geral da CBI, Carolyn Fairbairn, por considerar que o governo não está a ter em conta as necessidades de empresas de trabalhadores para trabalhos menos qualificados.
"Uma falsa escolha entre trabalhadores com qualificações altas e baixas privaria empresas, desde construtoras de casas a prestadores de cuidados de saúde, de competências vitais que elas precisam para prosperar", vincou na altura.
Theresa May esteve hoje mais de três horas na Câmara dos Comuns, câmara baixa do parlamento britânico, onde informou os deputados da aprovação formal do acordo de saída da UE pelos líderes europeus, no domingo.
Além de garantir os direitos dos europeus a residir no Reino Unido e dos britânicos que vivem em países europeus, o documento preconiza um período de transição até ao final de dezembro de 2020, em que a liberdade de circulação de europeus no Reino Unido se vai manter.
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