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Grupos no Facebook divulgaram mais de 650.000 ataques às eleições nos EUA

epa09665195 US President Joe Biden meets virtually with farmers and ranchers to discuss his Administration's work to boost competition and reduce prices in the meat-processing industry in the South Court Auditorium in the White House complex in Washington, DC, USA, 03 January 2022.  EPA/Chris Kleponis / POOL

Washington, 05 jan 2022 (Lusa) -- Entre as eleições de 2020 nos EUA e o ataque ao Capitólio, em 06 janeiro de 2021, foram divulgadas mais de 650.000 mensagens no Facebook questionando a legitimidade da vitória de Joe Biden, revela um estudo.

Um relatório da agência de investigação jornalística ProPublica e do jornal The Washington Post, hoje divulgado, revela que milhares de grupos na rede social Facebook colocaram pelo menos 650.000 entradas com mensagens que atacavam a legitimidade da vitória presidencial do democrata Joe Biden, muitas delas pedindo execuções sumárias de políticos ou incentivando à violência.

De acordo com o The Washington Post, o estudo mostra que os apoiantes do ex-Presidente Donald Trump colaram uma média de pelo menos 10.000 mensagens diárias no Facebook, transformando os grupos radicais em "incubadoras para as reivindicações infundadas" de fraude eleitoral.

"Muitos 'posts' retrataram a eleição de Biden como o resultado de uma fraude generalizada que exigia uma ação extraordinária -- incluindo o uso da força -- para evitar que a nação caísse nas mãos de traidores", escreveu o jornal, referindo-se à relação entre o teor das mensagens nas redes sociais e a invasão do Capitólio, em 06 de janeiro.

"A guerra civil está a tornar-se inevitável!", podia ler-se numa das mensagens colocadas no Facebook um mês antes do ataque ao Capitólio, quando os apoiantes de Donald Trump estudavam formas de travar a validação dos votos do colégio eleitoral, que deram a vitória ao democrata Joe Biden.

Uma outra mensagem dizia "Bill Barr, vamos atrás de ti", manifestando a intenção de perseguir o procurador-geral, acusado de estar a ser conivente com os interesses políticos do Partido Democrata.

A empresa que gere o Facebook desvalorizou o papel das redes sociais na invasão do Capitólio, resistindo a apelos -- alguns internos, vindos do Conselho de Supervisão -- para uma investigação ao caso, mas acabou por suspender a conta de Donald Trump, poucas horas depois de o Twitter ter tomado essa decisão, logo a seguir ao ataque de 06 de janeiro de 2021.

Na investigação da ProPublica e do The Washington Post revela-se uma mensagem de Drew Pusareti, porta-voz da empresa que gere o Facebook, em que se pode ler que a plataforma não era responsável pela violência de 06 de janeiro, acusando Trump e vários dirigentes republicanos por terem difundido informações que desencadearam o ataque ao Capitólio.

Nos meses anteriores às eleições presidenciais norte-americanas, em outubro de 2020, o Facebook tinha eliminado vários grupos da sua rede social, acusados de estarem a disseminar informação falsa sobre o ato eleitoral, mas a 'task force' encarregada dessa tarefa foi desmantelada logo a seguir.

O relatório hoje tornado público mostra como muitos desses grupos voltaram a organizar-se no Facebook, sendo responsável por mais de 650.000 entradas com mensagens a apelar à violência, denunciando, sem apresentar factos, a falsidade dos resultados eleitorais.

A ProPublica e o The Washington Post analisaram as mensagens de mais de 100.000 grupos de Facebook, juntamente com dados compilados por uma empresa dedicada à análise de desinformação, a CounterAction, tendo acedido a cerca de 18 milhões de 'posts' naquela rede social.

O The Washington Post diz que o Facebook tem "um problema" com o desmantelamento deste tipo de organizações, citando antigos funcionários da empresa que gere a rede social, que dizem que aquele tipo de grupos são fundamentais para garantir que os utilizadores permanecem ligados e geram fluxo de conteúdos.

A investigação também concluiu que muitas das mensagens que foram difundidas pelos apoiantes de Donald Trump entram na categoria de "narrativas danosas não violadoras", o que significa que, na verdade, não violam as regras de funcionamento do Facebook.

O relatório denuncia, contudo, que essas "narrativas danosas" podem ter tido "impactos negativos substanciais que contribuíram para a invasão do Capitólio e que potencialmente podem ameaçar a coesão social no futuro".

RJP // PDF

Lusa/Fim