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Desinformação e ‘fake news’ em África causam conflitos – ativista

Nairobi, 30 abr 2023 (Lusa) - A ativista keniana Natasha Kimani avisou hoje que a desinformação e a disseminação de 'fake news' nas redes sociais em África são prejudiciais e origem de conflitos no continente. 


"A desinformação é extremamente prejudicial. Cria uma juventude desiludida porque não sabe em quem acreditar e a quem recorrer", afirmou Natasha Kimani, responsável por parcerias e advocacia na organização não governamental Africa No Filter. 


Esta jurista de formação falava à agência Lusa à margem de um evento organizado hoje pela estação alemã Deutsche Welle em Nairobi, sob o tema "Falso ou verdadeiro? Promover a literacia digital". 


Kimani alerta que a desinformação muitas vezes acaba por dominar e ofuscar a informação importante e necessária, tornando-se em "um dos pequenos fatores que leva ao conflito em muitas áreas do continente".


De acordo com o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), as campanhas de desinformação estão a aumentar significativamente em África, tendo identificado pelo menos 50, das quais 60% com origem no estrangeiro. 


A organização explica que este tipo de ações procura "distorcer, confundir, polarizar e semear a desconfiança nas comunicações públicas". Além de desinformação, África também é alvo de ataques informáticos e a interferência estrangeira em eleições. 


O ACSS revelou que a Rússia está por detrás de atividades de manipulação de informação em 16 países africanos, entre os quais Angola e Moçambique. 


Sete destes países, incluindo Moçambique, sofreram três ou mais campanhas de desinformação. 


"A desinformação está a tornar-se complexa todos os dias, mesmo para as pessoas que sabem verificar os factos. Temos inteligência artificial, aprendizagem automática [machine learning], vídeos ultrafalsos [deepfake], que acrescentam a uma dificuldade acrescida", reconheceu o diretor executivo do Instituto Africano de Jornalismo de Investigação (AllJ), Solomon Serwanja. 


O ativista ugandês entende que já não é possível depender das ferramentas tradicionais de verificação de factos, pelo que os jornalistas precisam de mais formação para usar programas especiais e de colaborar com especialistas.


"Precisam de aplicações [informáticas], talvez enviar uma imagem para uma comunidade de verificadores de factos porque, se não o fizerem, a desinformação e as notícias falsas podem acabar nos meios de comunicação social", admitiu à Lusa.


O evento decorreu no âmbito do Fim de Semana de Governação Ibrahim (Ibrahim Governance Weekend, IGW na sigla inglesa), que cumpriu hoje o terceiro e último dia com debates organizados por entidades parceiras.



*** A Lusa viajou para o Quénia a convite da Fundação Mo Ibrahim ***



BM // MCL


Lusa/fim