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Desinformação leva centenas de pessoas à maior mina de rubis moçambicana

Mmala, aldeia moçambicana em Cabo Delgado, tinha mais de 11 mil pessoas, mas dois ataques dos terroristas levaram a população a fugir nos últimos dias com crianças ao colo, carregando à cabeça o pouco que escapou à destruição. Face a isto, a solução tem sido fugir à pressa, nomeadamente para a vila de Chiùre, hoje o último reduto de alguma segurança nas proximidades. Ainda assim, uma viagem de três dias a pé, por campos agrícolas e estradas, num movimento de milhares de pessoas em simultâneo,  Cabo Delgado, Moçambique, 24 de fevereiro de 2024. (ACOMPANHA TEXTO DE 25/02/2024)   PAULO JULIÃO/LUSA

Maputo, 21 out 2024 (Lusa) - Uma campanha de desinformação está a levar à deslocação de centenas de mineiros ilegais para a maior mina de rubis moçambicana, em Cabo Delgado, alertou hoje a Montepuez Ruby Mining (MRM), concessionária da exploração.

Em comunicado, a empresa refere ter tido conhecimento de “uma campanha de desinformação que circula nas redes sociais e que está a ser promovida por sindicatos de contrabando de rubis”, a qual “sugere falsamente que a MRM abriu a sua mina a qualquer pessoa para extração de rubis durante 24 horas”, para “promover a desordem na concessão da MRM e alimentar os sindicatos com mais rubis”.

“Esta campanha é falsa. Todas as pessoas devem evitar entrar nas zonas mineiras da MRM. A campanha de divulgação de informações falsas está a influenciar a deslocação de centenas de pessoas para a concessão da MRM”, referiu o comunicado.

Simultaneamente, a empresa admitiu estar a circular “a informação de que seis pessoas perderam a vida” no domingo, na concessão da MRM, o que assegurou: “também é falsa”.

“No entanto, duas pessoas sofreram ferimentos por arma de fogo quando a polícia reagiu a uma escalada de agressão. A MRM já alertou as autoridades e foram destacadas forças policiais adicionais para proteger os recursos de Moçambique das mãos dos contrabandistas que, entre outros, aliciam jovens das comunidades locais para roubar a riqueza de Moçambique e contrabandeá-la para o exterior, privando o país de receitas tão necessárias para o seu desenvolvimento”, sublinhou a concessionária.

A MRM anunciou, em agosto, ter exportado 1,3 milhão de quilates de rubis em 2023, o segundo maior exportador mineiro moçambicano, e prevê uma segunda fábrica em 2025.

“Os rubis recuperados na MRM são vendidos em leilão, com o calendário de leilões de 2023 a render 151,3 milhões de dólares [135,9 milhões de euros], todos totalmente repatriados para Moçambique para garantir o pagamento justo dos impostos”, explicou a empresa, em comunicado.

Acrescentou que a MRM, que opera a mina em Cabo Delgado, “espera aumentar os níveis de produção e exportação a partir do segundo semestre de 2025, após o comissionamento bem-sucedido” da segunda unidade de processamento.

“A nova fábrica vai triplicar a capacidade de tratamento de material mineralizado, passando de 200 toneladas por hora para 600 toneladas por hora. Com este investimento, a MRM espera aumentar o seu contributo para a economia moçambicana e gerar mais emprego”, refere a informação da empresa.

A MRM é detida em 75% pela Gemfields e em 25% pela Mwiriti Limitada, uma empresa moçambicana.

Desde que a Gemfields adquiriu os 75% da MRM – em fevereiro de 2012, ano do início da exploração mineira, tendo os leilões de rubis iniciado dois anos depois –, a mina acumula receitas superiores a 1.055 milhões de dólares (982,7 milhões de euros), pagando ao Estado moçambicano, no mesmo período, 257,4 milhões de dólares (239,7 milhões de euros), segundo informação anterior da empresa.

No ano passado, a MRM pagou ao Estado moçambicano 53,2 milhões de dólares (49,6 milhões de euros) em ‘royalties’ e impostos.

A MRM é uma empresa moçambicana que opera no depósito de rubis de Montepuez, localizado no nordeste de Moçambique, na província de Cabo Delgado, abrangendo aproximadamente 33.600 hectares.

“Acredita-se que seja o depósito de rubis mais significativo recentemente descoberto no mundo”, refere a empresa, que garante ter criado localmente mais de 1.500 postos de trabalho, 95% dos quais para moçambicanos, sendo 65% oriundos de Cabo Delgado.

 

 

 

Paulo Julião