Direção da elétrica guineense alega que queixosos não são trabalhadores da empresa
Bissau, 01 nov 2023 (Lusa) -- As dezenas de pessoas que se queixam de ter 37 meses de salários em atraso não são trabalhadores da Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB), disse hoje o diretor geral da empresa estatal, Vasco dos Santos.
O responsável reagiu em conferência de imprensa aos protestos dos últimos dias que chegaram, na terça-feira, ao Palácio Presidencial, com um grupo de cerca de 200 pessoas a serem recebidos pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló.
Os contestatários alegam que trabalham na EAGB e que têm 37 meses de salários em atraso, enquanto o presidente da empresa afirma que se trata de contratos temporários, celebrados em 2019 e por um período de apenas três meses, que terminaram findo o referido prazo.
Para o diretor geral da empresa pública, "há uma desinformação" neste processo" e os que estão a manifestar-se "são representantes de um grupo de pessoas e não dos trabalhadores".
Vasco dos Santos disse que já esteve reunido várias vezes com os representantes dos trabalhadores sobre esta questão e que explicou a condição destas pessoas.
O responsável esclareceu que se trata de contratos feitos em 2019 que já terminaram e que nesses consta "explicitamente" que foram celebrados "por um período de três meses não renováveis".
"Não há como renovar o contrato", frisou, acrescentando que este "conjunto de pessoas foi-se mantendo à volta da empresa, mas a verdade" é que não são efetivamente trabalhadores da EAGB.
"A empresa tem 529 trabalhadores, tem cerca de cem pessoas a mais, em excesso, e vamos ter que resolver isso, quanto mais aumentar em mais cem ou seja o que for", afirmou.
O diretor geral explicou que dadores "exigem boa governação da AEGB" e que a empresa não pode "ter mais encargos com pessoal".
"Porque não nos deixam, quem manda é quem nos tem dado o dinheiro e financiado, mas a empresa não precisa, temos muita gente efetiva na casa que não tem o que fazer", sublinhou.
Vasco Santos indicou que há para estas pessoas "uma oportunidade e já lhes foi comunicado", com as redes elétricas que estão a ser criadas para servir todo o país.
"Vai ter que ter instalação de contadores e manutenção e para isso vão ser precisas pessoas. Nessa altura sim, haverá oportunidade de enquadrar mais pessoas para o interior e sul do país", referiu.
"Não há emprego nenhum para Bissau", enfatizou.
Um grupo de cerca de 200 pessoas que se assumem como funcionários (EAGB) queixou-se, na terça-feira ao Presidente Umaro Sissoco Embalo de alegadamente estar sem salários há 37 meses.
Jesus Paulino Gomes, porta-voz do grupo, disse que decidiram se manifestar em frente ao palácio da República "como última alternativa" pelo facto de a direção da EAGB se recusar ao diálogo.
"Muitos de nós está há mais de 15 anos na empresa e há 37 meses que não recebemos salários", afirmou Gomes perante o Presidente guineense.
Umaro Sissoco Embaló mandou entrar nas instalações do palácio da presidência em Bissau o grupo que se manifestava com cartazes e cânticos de apelo, desde as primeiras horas da manhã, na praça dos Heróis Nacionais.
Umaro Sissoco Embalo pediu ao grupo para não ligar ao facto de não ter sido recebido pela EAGB e exortou o ministro das Finanças, Suleimane Seidi, que assistiu ao encontro, para procurar informações junto do titular da pasta da Energia, Issuf Baldé, sobre a situação daquelas pessoas.
O Presidente guineense aproveitou a ocasião para criticar o que diz ser "entrada descontrolada" de militantes de partidos que governam o país na Função Pública e deu os exemplos da Câmara Municipal de Bissau, EAGB e o Ministério do Interior.
HFI (MB) // JPS
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