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Ministro da Saúde brasileiro diz-se disponível para responder à justiça

Lisboa, 26 out 2021 (Lusa) -- O ministro da Saúde do Brasil disse que não está preocupado com o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à ação do governo brasileiro na pandemia, que é hoje votado em Brasília, e disponibilizou-se para responder à justiça.

"Quem nos vai julgar em primeiro lugar é a história e em segundo os poderes do Brasil. O Brasil é um país democrático e eu não tenho receio nenhum e estarei sempre disponível para todos as instâncias de investigação", afirmou, em entrevista à Lusa em Lisboa, Marcelo Queiroga.

"Isso é uma questão de natureza política", resumiu. "Eu assumi o Ministério há sete meses. Desde então houve uma queda de 90% no número de casos e de óbitos" devido à nossa "campanha de vacinação" lançada pelo Governo brasileiro, afirmou o ministro.

Na sua argumentação, o governante salientou que o Brasil tem hoje uma "das campanhas [de vacinação] mais reconhecidas em todo o mundo", com mais de 320 milhões de doses ministradas, e, até final do ano, as autoridades estimam vacinar a população adulta brasileira.

Para Marcelo Queiroga, "essas narrativas políticas fazem parte do processo democrático". Mas, sublinhou: "Eu tenho a consciência tranquila de que tenho trabalhado para atender as reclamações da população brasileira" e o executivo tem "colocado em prática políticas públicas de acordo com a legislação" adequada.

Sem abordar erros ou questões na estratégia que levou a 600 mil mortes e cerca de 22 milhões de casos, Marcelo Queiroga diz que as "ruas do Brasil" estão a mostrar que as políticas têm dado resultado.

"O governo do Presidente Bolsonaro tem como lema mais Brasil e menos Brasília", mas "os que ficam em Brasília às vezes não conhecem a realidade do Brasil", numa referência à CPI, cujo relatório é hoje votado pelo Senado (câmara alta).

O relatório final pede o indiciamento do Presidente, Jair Bolsonaro, por nove crimes e o aprofundamento das investigações contra outros suspeitos. Com 1.180 páginas, o documento apresentado na semana passada pelo senador Renan Calheiros recomenda o indiciamento de outras 65 pessoas, entre os quais Marcelo Queiroga, e de duas empresas suspeitas de cometerem crimes durante a pandemia de covid-19, que já causou mais de 605 mil mortos e 21,7 milhões de infetados no Brasil.

Os pedidos de indiciamento serão encaminhados para o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF), caso o relatório seja aprovado pela maioria dos membros da CPI.

A maioria das acusações estão relacionadas com ações negacionistas, suspeitas de corrupção e de omissão em relação ao novo coronavírus e às vacinas, que teria aumentado o número de mortos no Brasil.

Ao longo de seis meses de investigação, os senadores que integram a CPI analisaram ações e omissões do Governo brasileiro na pandemia e também investigaram suspeitas de corrupção nas negociações para a compra de vacinas pelo Ministério da Saúde e mortes que teriam sido provocadas pelo uso de tratamentos sem sustentação científica contra a covid-19.

PJA/ATR (CYR) // JH

Lusa/Fim