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ENTREVISTA: EUA/Eleições: Furacões podem ser “surpresa de outubro” nos resultados – Cathryn Ashbrook

Redação, 12 out 2024 (Lusa) - Os furacões que causaram destruição no sul dos Estados Unidos nas últimas semanas, amplificados pela desinformação, poderão ser a "surpresa de outubro" que influencia decisivamente os resultados das eleições presidenciais de novembro, afirma a politóloga Cathryn Clüver Ashbrook.


"As pessoas votam com os seus sentimentos e é por isso que esta ideia de uma 'surpresa de outubro' é tão importante", uma vez que as eleições dependem dos factores que mobilizam os eleitores e do que consideram "mais importante" na hora de ir às urnas, afirmou Ashbrook em entrevista à Lusa, em Lisboa.


Na gíria das eleições norte-americanas, a "surpresa de outubro" é um evento mediático com grande capacidade para influenciar as decisões dos eleitores e possivelmente alterar o rumo dos resultados eleitorais dos EUA.


Cathryn Clüver Ashbrook é cientista política, consultora sénior da Bertelsmann Stiftung, antiga diretora do Conselho Alemão de Relações Externas e fundadora e dirigente do Projeto Futuro da Diplomacia na Harvard Kennedy School há mais de uma década.


Ashbrook participou no painel "A Guerra como extensão da Geopolítica", no âmbito da 6ª Conferência de Lisboa, organizada pelo Clube de Lisboa, este ano intitulada "Um Mundo Dividido".


O furacão Helene e o furacão Milton trouxeram devastação aos estados da Florida, Georgia e Carolina do Norte com centenas de mortes e milhões de pessoas sem eletricidade, além de milhares de milhões de dólares de prejuízos.


Para a investigadora, outro fator que tem agravado o impacto das catástrofes consiste na utilização da desinformação para deturpar os efeitos dos furacões e a assistência prestada às populações afetadas, refletindo-se na intenção de voto "em alguns Estados críticos e na perceção das pessoas sobre o que é importante no momento".


O fenómeno da desinformação, que se tem vindo a perpetuar e a propagar, intensificado com a passagem do furacão Helene, tem sido utilizado para manipular a informação acerca da ajuda prestada às populações afetadas pelos furacões de "uma forma absurda", recorrendo até à inteligência artificial para manipular imagens, adiantou.


Esta abordagem poderá vir a ter um grande impacto na grande maioria dos Estados, compostos por "eleitores desinformados, que já não confiam nas fontes de notícias e que ficaram confusos sobre o que são as notícias, quais as suas fontes e de onde vêm", reiterou Ashbrook.


Trump e o seu companheiro de corrida, o senador J.D. Vance, fizeram acusações nas últimas semanas que foram repetidamente negadas pelas autoridades locais, estaduais e federais nas zonas afetadas pelo Helene e Milton.


Entre outras coisas, Trump afirmou que a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) não tem fundos para apoiar as pessoas afetadas por ambos os furacões porque gastou o dinheiro a ajudar os migrantes que chegam aos EUA.


Disse ainda que nenhum helicóptero foi utilizado para resgatar vítimas na Carolina do Norte e afirmou que a FEMA disse às vítimas que receberiam apenas 750 dólares.


O próprio Presidente Joe Biden, acusou na quarta-feira Donald Trump de estar a espalhar mentiras "antiamericanas" sobre furacões que vão contra os valores do país.


"Estão a dizer que as pessoas afetadas por estas tempestades receberam 750 dólares em dinheiro e nada mais. Isto não é verdade. Dizem que o dinheiro necessário para estas crises está a ser desviado para os migrantes. De que raio estão eles a falar? Parem com isso. Não é verdade", frisou Biden.


O chefe de Estado norte-americana atacou ainda a congressista de extrema-direita da Georgia, Marjorie Taylor Greene, por escrever nas redes sociais que "eles" podem controlar o clima, sem indicar a quem se refere, mas aludindo ao governo federal.


"Estamos a controlar o clima. Isto é mais do que ridículo. É tão estúpido que tem de parar", insistiu.



JYFR/PDF (DMC) // PDF


Lusa/Fim