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Eurodeputadas portuguesas esperam que motins nos EUA levem a avanços em leis na UE

epaselect epa08923457 Supporters of US President Donald J. Trump stand by the door to the Senate chambers after they breached the US Capitol security in Washington, DC, USA, 06 January 2021. Protesters stormed the US Capitol where the Electoral College vote certification for President-elect Joe Biden took place.  EPA/JIM LO SCALZO

Bruxelas, 12 jan 2021 (Lusa) -- As eurodeputadas portuguesas Maria Leitão Marques e Maria da Graça Carvalho esperam que os motins nos Estados Unidos, organizados pelas redes sociais e que levaram à suspensão das contas de Trump, motivem avanços na legislação comunitária para o 'online'.

"Que o choque do Capitólio nos permita avançar com a legislação em que estamos a trabalhar, prevendo um reforço do poder democrático que nos permita prevenir e remediar conteúdos ilegais", afirma em declarações à agência Lusa a eurodeputada socialista Maria Manuel Leitão Marques.

Posição semelhante manifestou a eleita social-democrata Maria da Graça Carvalho, que disse à Lusa que, "independentemente dos factos ou dos protagonistas em causa, é positivo que as grandes plataformas estejam preocupadas com as mensagens e informações veiculadas através das redes sociais que gerem".

"Devemos, no entanto, ter o cuidado de equilibrar o reforço do escrutínio com o respeito do princípio da liberdade de expressão", adiantou a eurodeputada do PSD.

Na passada quarta-feira, apoiantes de Donald Trump entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, em Washington, enquanto os membros do congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro passado.

Estas violentas manifestações, que causaram pelo menos cinco mortos, foram incentivadas por Donald Trump e organizadas maioritariamente através das redes sociais, o que levou plataformas como Facebook e Twitter a suspender temporariamente o Presidente norte-americano cessante.

Questionada pela Lusa, a também vice-presidente da comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores do Parlamento Europeu, Maria Manuel Leitão Marques, disse não se sentir "chocada com a ação [suspensão de Trump], mas antes com o facto de as plataformas terem andado a dizer que não tinham meios para atuar e, de repente, têm-nos".

"Suspenderam agora Donald Trump, mas quantas vezes não teve ele um discurso de ódio enquanto foi Presidente? Até o fizeram tarde demais porque permitiram incitamento à violência, nomeadamente neste caso em concreto", acrescentou.

Ainda assim, a eurodeputada do PS destacou que ser necessário "limitar o poder das plataformas digitais", já que estas conseguem "determinar o que não é ou não perigoso, o que deve ou não ser removido".

Maria Manuel Leitão Marques defendeu, assim, a criação de "mecanismos eficazes" para que o que seja considerado ilegal no 'offline' também o seja na internet - como a propagação de notícias falsas ou de discursos de ódio -, prevendo desde logo "respostas de emergência", através de formas de atuação "mais expeditas" por parte das tecnológicas, para casos como o dos motins, sob pena de sanções.

É aqui que entram as novas leis dos Serviços Digitais e dos Mercados Digitais, apresentadas em meados de dezembro passado pela Comissão Europeia ao Conselho e ao Parlamento Europeu e que "vêm estabelecer regras horizontais para regular precisamente as plataformas e tentar encontrar um equilíbrio justo e são entre serviços seguros e de confiança e combate a conteúdos ilegais ao mesmo tempo que se protege a liberdade de expressão", explicou à Lusa a eurodeputada do PSD Maria da Graça Carvalho.

Para a responsável, que também integra a comissão parlamentar do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores, as novas regras comunitárias devem servir para "combater o outro lado" das redes sociais, isto é, aquele "em que esta se presta a utilizações abusivas, passíveis de passar mensagens enganadoras e manipuladoras aos cidadãos".

Está, então, previsto que as plataformas digitais de maior dimensão -- como Facebook e Twitter - tenham de cumprir obrigações "em matéria de gestão de riscos, de auditoria externa de riscos e de responsabilização pública", adiantou Maria da Graça Carvalho.

A expetativa é que as discussões institucionais sobre estas leis estejam praticamente concluídas dentro de um ano.

 

Ana Matos Neves