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Facebook e Twitter combatem ‘mar’ de ‘fake news’ difundidas por Trump sobre eleições

epa08801991 US President Donald J. Trump holds a briefing in the Brady Briefing Room at the White House, in Washington, DC, USA, 05 November 2020. The 2020 Presidential Election result remains undetermined as votes continued to be counted in several key battleground states.  EPA/Chris Kleponis / POOL

Redação, 05 nov 2020 (Lusa) -- As redes sociais Facebook e Twitter estão a combater uma 'enxurrada' de desinformação durante as eleições presidenciais nos Estados Unidos, em particular do Presidente, o republicano Donald Trump, que continua a tentar reivindicar a vitória.

A contagem dos votos continua e está para durar, no entanto, Trump, que já perdeu a liderança conquistada há quatro anos em alguns Estados fundamentais, continua a publicar mensagens que insinuam que houve fraude eleitoral ou a proclamar a vitória na corrida à Casa Branca.

Trump começou a 'incendiar' as redes sociais com um 'tweet' na terça-feira, quando começaram a sair as primeiras projeções, no qual acusou a candidatura democrata de "roubar a eleição" e garantiu que não iria "deixá-la ir".

A ameaça de recurso à Justiça e as dúvidas semeadas no 'mar' digital têm marcado o processo eleitoral.

O Twitter associou às mensagens do Presidente norte-americano a seguinte mensagem: "Parte ou todo o conteúdo publicado neste 'tweet' é contestado e poderá ser enganoso sobre as eleições ou outros processos cívicos."

As publicações de Trump estão ocultadas por esta mensagem, mas os internautas ainda as podem consultar se concordarem em visualizar o 'tweet'.

No Facebook as publicações de Trump ainda estão legíveis, mas a rede social cofundada por Mark Zuckerberg associou informações do Centro de Informações sobre Eleições que mostra os resultados atuais e desmentem a vitória reivindicada por Trump, numa altura em que os dois candidatos ainda estão na corrida.

"Assim que o Presidente Donald Trump começou a proclamar a vitória prematuramente, publicámos notificações no Facebook e no Instagram indicando que a contagem de votos estava em curso e que ainda não há vencedor", explicitou o gabinete de comunicação da gigante de Silicon Valley.

Contudo, as medidas implementadas pelas duas redes sociais são consideradas insuficientes pela sociedade civil.

"Neste preciso momento, a conta do Presidente no Twitter está a publicar mentiras e desinformação a um ritmo infernal. É uma ameaça para a nossa democracia e [a conta] tem de ser suspensa até a contagem estar concluída", escrever, também no Twitter, o democrata eleito David Cicilline, que tem reivindicado a maior regulamentação das redes sociais.

Em relação ao Facebook, as mensagens de Trump têm de ser "absolutamente" removidas, advoga a diretora da organização não-governamental (ONG), Jessica Gonzalez, citada pela agência France-Presse (AFP).

"Estamos à beira de um precipício", prosseguiu a responsável, apelando à rede social para não ser "utilizada para promover ou legitimar a violência".

O dia e noite das eleições presidenciais norte-americanas é uma reminiscência de 2016, na qual houve operações massivas de manipulação da opinião pública de atores nacionais e internacionais.

Um 'exército' de moderadores está constantemente a varrer o 'feed' para impedir a propagação de 'fake news'.

No início de outubro, ambas as redes sociais apagaram contadas vinculadas ao movimento de teorias da conspiração "QAnon".

Num ano marcado pela pandemia, o Presidente dos Estados Unidos, foi considerado a pessoa que mais contribuiu para a propagação da desinformação sobre a pandemia, segundo um estudo divulgado pela Universidade Cornell.

De acordo com esta instituição académica, a Alliance for Science ("Aliança para a Ciência"), da Universidade Cornell, analisou cerca de 38 milhões de artigos, publicados em inglês, em órgãos de comunicação social tradicionais, entre 1 de janeiro e 26 de maio de 2020.

A investigação inclui artigos publicados, em particular, nos Estados Unidos, no Reino Unido, na índia, na Irlanda, na Austrália e na Nova Zelândia, assim como em alguns países de África e da Ásia.

Os resultados estão explanados no artigo científico de 13 páginas "Coronavirus misinformation: quantifying sources and themes in the covid-19 'infodemic'".

O fenómeno foi denominado como 'infodemia', ou seja, uma 'pandemia de desinformação', pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A Alliance for Science encontrou um total de 522.400 artigos publicados com informações falsas relacionadas com a pandemia da doença provocada pelo novo coronavírus.

"Descobrimos que as menções nos órgãos de comunicação social ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dentro do contexto de desinformação sobre a covid-19 constituem, de longe, a maior parte da 'infodemia'", explicita o estudo.

As menções a Trump compõem "37,9% do conjunto" de 'fake news' sobre a covid-19.

 

André Ferrão