EUA/Eleições: Wikileaks defende “direito do público a ser informado” para divulgar emails
Lisboa, 08 nov (Lusa) -- O fundador da Wikileaks reiterou hoje ter sido o "direito do público a ser informado" que levou aquela organização a divulgar nos últimos meses mais de 30 mil 'e-mails' da candidata à presidência da república norte-americana Hillary Clinton.
Numa mensagem hoje divulgada pela organização da Web Summit, Julian Assange refere que "na véspera da eleição [do novo presidente norte-americano] é importante reafirmar porque publicámos o que publicámos".
"A nossa organização defende o direito do público a ser informado. O verdadeiro vencedor [das eleições de hoje] é o público norte-americano, que está melhor informado devido ao nosso trabalho", afirma.
O jornalista e programador informático Julian Assange, de 45 anos, está refugiado na embaixada do Equador em Londres, capital britânica, desde junho de 2012. Há dez anos, Assange fundou a Wikileaks, organização multinacional dedicada a publicar e interpretar documentos confidenciais sobre má conduta de governos e corporações.
Na mensagem hoje divulgada, o fundador da Wikileaks revela que ele e a organização estiveram "sob enorme pressão para parar de publicar o que a campanha Clinton diz sobre si a si mesma".
"Essa pressão surgiu de aliados da campanha de Clinton, incluindo a administração Obama, e de liberais que estão ansiosos para saber quem será eleito presidente dos Estados Unidos", afirma.
Julian Assange recorda que a organização divulga material que lhe é enviado "se for de importância política, diplomática, histórica ou étnica e se não tiver sido publicado anteriormente".
"Quando temos material que preenche estes critérios, publicamos. Por outro lado, não podemos publicar o que não temos. Até hoje, não recebemos informação sobre a campanha de Donald Trump, de Jill Stein, de Gary Johnson ou de qualquer outro candidato, que preencha os nossos anteriormente citados critérios editoriais", refere.
Assange garante que a divulgação, nos últimos meses, de mais de 30 mil 'e-mails' da candidata à presidência da república norte-americana Hillary Clinton de um servidor privado que esta utilizou quando exerceu o cargo de secretária de Estado, "não aconteceu devido a um desejo pessoal de influenciar o resultado das eleições".
O fundador da Wikileaks defende que "guardar as informações até depois das eleições teria significado favorecer um dos candidatos, mais do que o direito do público a saber".
A Wikileaks, "como todos os editores, em última instância responde perante os seus financiadores". "Esses financiadores são vocês. Os nossos recursos são contribuições do público ou resultado das vendas dos nossos livros. Isto permite-nos termos princpios, sermos independentes e sermos livres, de uma maneira como mais nenhum órgão de comunicação social influente é", refere.
Julian Assange garante que a Wikileaks continua "comprometida em publicar informação que informe o público, ainda que muitos, especialmente os que estão no poder, preferissem que não". "A Wikileaks deve publicar e ser condenada", conclui.
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