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Europa não investe o suficiente em IA porque tem medo do risco – Cientista Yann LeCun

Davos, Suíça, 24 jan 2025 (Lusa) - Um dos 'pais' da Inteligência Artificial (IA), Yann LeCun, lamentou hoje que "não se invista o suficiente em IA na Europa", onde "há medo do risco", o que, na sua opinião, explica o atraso do continente face aos Estados Unidos.


Anúncios de investimentos recorde nos Estados Unidos, como o projeto de infra-estruturas de IA "Stargate", estimado em "pelo menos 500.000 milhões de dólares" pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, esta semana, "é certamente o que falta na Europa em termos de investimento", diz o francês Yann LeCun numa entrevista em Davos à AFP.


O francês, diretor científico para a IA da Meta, a empresa-mãe do Facebook, Instagram e WhatsApp, e uma estrela mundial da IA, da qual foi um dos precursores, foi entrevistado pela AFP no Fórum de Davos, onde o seu grupo fez esta semana demonstrações dos seus óculos inteligentes.


Mesmo assim, admite que "os anúncios de investimento são um pouco irrealistas", duvidando que "qualquer entidade tenha estas quantias de dinheiro para investir, mesmo a cinco anos".


O bilionário Elon Musk também afirmou esta semana que os grupos parceiros do projeto (a japonesa SoftBank e as americanas Oracle e OpenAI) "não têm dinheiro" para financiar o projeto de infra-estruturas de IA "Stargate".


Dario Amodei, diretor da empresa americana Anthropic, que pretende competir com o ChatGPT criado pela OpenAI, também manifestou dúvidas.


"Por outro lado, há investimentos que são absolutamente reais": Yann LeCun salienta que "a Meta prevê investir cerca de 60.000 milhões só este ano, a Microsoft 80.000 milhões", e que a Amazon e a Google também estão muito ativas neste domínio.


"São números absolutamente gigantescos. E tudo isto está a ser utilizado para construir uma infraestrutura de computação que permite não só treinar modelos de IA - não é uma quantidade enorme de recursos - mas sobretudo executá-los", explica.


Quando questionado se em França e na Europa se tem demasiado medo do poder da IA, Yann LeCun afirma: "não, temos medo do risco. Temos medo dos riscos financeiros. Por isso, não estamos a investir o suficiente".


"Não há dinheiro suficiente para investir. O sistema (...) que existe em Silicon Valley, nos Estados Unidos, com enormes quantidades de dinheiro, deve-se em parte ao sistema financeiro, ao sistema de pensões. Há muito dinheiro para investir nos Estados Unidos por causa dos fundos de pensões, que não existem na Europa", explica.


Mas também aponta "um medo por parte dos legisladores e dos decisores (...) que leva a regulamentações por vezes prematuras sobre riscos que, de facto, não existem. E isso mata a inovação".


O secretário-geral da ONU, António Guterres, adotou uma visão menos otimista esta semana em Davos, avisando que as promessas da IA "vêm acompanhadas de riscos profundos, especialmente se a IA não for controlada".


Por outro lado, a Europa "não está nada atrás em termos de talento, em termos de espírito", diz Yann LeCun.


"A primeira versão do Llama (o modelo de IA da Meta, nota do editor) foi desenvolvida em Paris por um pequeno grupo de 12 ou 13 pessoas. Depois, funcionou tão bem que criámos uma grande equipa à sua volta, que está espalhada por todo o lado. Mas isso só mostra que temos talento em França", referiu.



MC // EA


Lusa/Fim