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‘Fake news’ atrapalharam socorro nas inundações no estado brasileiro do Rio Grande do Sul

Lisboa, 09 nov 2024 (Lusa) -- As 'fake news' (notícias falsas) sobre os serviços de saúde durante o socorro às tempestades que atingiram em abril e maio o Rio Grande do Sul, no Brasil, dificultaram este trabalho, segundo um responsável do setor neste país.


O epidemiologista Edenilo Baltazar Barreira Filho é o Coordenador Geral de Preparação para as Emergências em Saúde Pública no Departamento de Emergências em Saúde Pública da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde do Brasil e hoje participou na Conferência de Saúde Pública da Lusofonia, que decorreu desde segunda-feira, em Lisboa.


Para este especialista em emergências em saúde pública, "a comunicação de risco num momento destes é muito importante; ela tem de ser rápida, ágil e eficiente".


"Tivemos muito trabalho para desmentir as fake news, sobre falta de medicamentos. Diziam que estava faltando medicamentos, imunobiológios. Em nenhum momento o Governo federal deixou faltar imunobiológicos e medicamentos no Rio Grande do Sul", disse à Lusa, à margem do encontro.


Esta região brasileira foi gravemente afetada por fortes tempestades em abril e maio, que provocaram pelo menos 182 mortes.


Segundo Edenilo Baltazar Barreira Filho, os profissionais perderam muito tempo a desmentir a informação falsa que circulava e a anunciar quando estavam a ser enviados medicamentos.


As fake news são divulgadas sobretudo pelas redes sociais e o seu efeito é "muito ruim", disse, porque ocupava estes profissionais a "desmentir e a combater" estas informações.


Para o especialista em emergência em saúde pública, as fake news neste desastre tiveram "uma dimensão significativa, porque atrapalhava o trabalho do dia-a-dia".


"A gente tinha de estar constantemente a desmentir informações que não eram verdade e deixávamos de fazer uma comunicação de risco eficaz", adiantou.


O profissionais recordou que a catástrofe aumentou os casos de leptospirose e doenças diarreicas agudas, devido ao não acesso à agua potável, a par de um forte impacto na saúde mental da população.


"Em setembro do ano passado eles enfrentaram uma situação menor, igual, e quando estavam a começar a recuperar, veio um outro acontecimento", disse.


Ao nível da saúde mental, a depressão é o principal problema diagnosticado.


O Rio Grande do Sul foi gravemente afetado por fortes tempestades em abril e maio, que provocaram pelo menos 182 mortes, deixaram milhares de pessoas desabrigadas e desalojadas, e que afetaram quase todas as cidades do estado, tendo o governo regional decidido retomar hoje a divulgação dos boletins sobre as chuvas que atingem o estado.


As chuvas afetaram pelo menos 2,3 milhões de pessoas diretamente, de 478 cidades.



SMM


Lusa/Fim