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Combate à desinformação exige medidas cada vez mais “sofisticadas”

epa07849841 A Trump supporter wears a t-shirt reading 'Fake News' as he waits for the arrival of President Donald Trump in front of the Beverly Hills Hotel in Beverly Hills, California, USA, 17 September 2019. Trump is on a two-day trip to California to raise money for his 2020 election campaign.  EPA/ETIENNE LAURENT

São Paulo, 29 jun 2021 (Lusa) - A desinformação converteu-se numa "epidemia" que desafia diariamente os jornalistas, instituições e a própria democracia, e o seu combate exige medidas cada vez mais "sofisticadas", defenderam hoje especialistas no fórum organizado pela Efe e União Europeia (UE).

O debate digital "Como combater a desinformação: Experiências no Brasil e na União Europeia" reuniu quatro mulheres especialistas no assunto e o embaixador da UE no país sul-americano, Ignacio Ybáñez.

"Hoje em dia, o problema é mais complicado porque a pandemia da covid-19 vem acompanhada de uma infodemia sem precedentes", sublinhou Ybáñez.

Para combater essa "infodemia" de notícias falsas, o embaixador explicou que países e governos têm vindo a fazer cada vez mais esforços para transmitir à população informações "verídicas, sólidas e de qualidade".

Entre as medidas adotadas pela União Europeia, o embaixador destacou a elaboração de um código de práticas que estabelece um conjunto de autorregulação para a indústria da comunicação e a criação de um observatório de media digital.

A desinformação, também designada por 'fake news', pressupõe um desafio nas mais variadas frentes, sendo que um dos mais preocupantes assenta nos processos eleitorais em todo o mundo.

Sobre isso, a secretária-geral do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, Aline Osorio, sublinhou que nos últimos anos as campanhas de desinformação para "desacreditar" as eleições ganharam força.

"Tem havido muito debate sobre como a desinformação e a falta de consenso sobre factos básicos criam polarização e fazem com que as pessoas percam a confiança nas instituições e no processo eleitoral. E isso é o que há de mais grave numa democracia, afirmou.

Essas campanhas, apontou, foram fortalecidas a partir de 2016, quando Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos e adotou imediatamente um discurso de fraude eleitoral.

Alegações semelhantes foram posteriormente replicadas por outros líderes mundiais, entre os quais o chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, vencedor das eleições presidenciais de 2018 e que foram marcados por massivas campanhas de notícias falsas.

O ano de "2018 foi um marco no combate à desinformação e expôs essa de necessidade de preparação para 2022, quando a justiça eleitoral e o próprio processo eleitoral serão os principais alvos de ataques", sublinhou Aline Osorio.

A jornalista do diário Folha de São Paulo Patrícia Campos Mello, autora do livro "Máquina do ódio" seguiu a mesma linha.

"Como Trump, o Presidente Jair Bolsonaro desde o início questionou a legislação eleitoral e intensificou essa retórica em todas as ocasiões, afirmando que sem voto impresso a eleição será uma fraude", sublinhou.

A jornalista considerou que, face a 2022, as instituições brasileiras estão "muito mais alerta", embora tenha alertado para possíveis riscos.

"Os jornalistas, verificadores de informação, instituições e governos terão de continuar a pressionar", salientou.

Nesse sentido, Desireé García, a responsável da Efe Verifica, serviço de verificação da agência de notícias espanhola Efe, salientou que a melhor arma para combater a chamada "infodemia" é a "informação de qualidade", "clara" e "diferenciada".

Com a chegada das redes sociais "já não somos os únicos para publicar" pelo que "às vezes não é tanto sobre verificar, mas contextualizar e responder a perguntas dos leitores de forma mais simples, direta e didática possível", apontou.

De acordo com um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT), as notícias falsas têm 70% mais probabilidades de ser "retuitadas".

E é aí onde os influenciadores digitais também desempenham um papel chave, já que podem ajudar a divulgar verificações na luta contra a desinformação, apontou a investigadora em comunicação digital Issaaf Karhawi.

"Os influenciadores são representantes de grupos específicos, formadores de opinião", para que "possam ter esse poder no que diz respeito à rapidez e amplitude na divulgação das informações", salientou.

ALU// RBF

Lusa/Fim