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Entidades reguladoras de países lusófonos apontam desafios da desinformação

Lisboa, 21 nov 2019 (Lusa) -- Representantes de entidades reguladoras da comunicação social de vários países lusófonos apresentaram hoje, em Lisboa, os principais desafios enfrentados pelos seus países no combate à desinformação, tendo ainda defendido a necessidade da literacia mediática.

No painel "Democracia e Pluralismo nos Media: desafios da Desinformação", inserido no VIII Encontro da Plataforma das Entidades Reguladoras da Comunicação Social dos Países e Territórios de Língua Portuguesa, os representantes abordaram a falta de recursos, instabilidade financeira e intervenção política, entre outros temas.

A presidente da Autoridade Reguladora para a Comunicação Social de Cabo Verde (ARC), Arminda Barros, considerou que, ainda que o arquipélago encare o fenómeno das 'fake news' "com muita preocupação', a sua população tem ainda uma forte ligação aos meios de comunicação social tradicionais.

Ao mesmo tempo, Arminda Barros considerou que a melhor forma de combater as 'fake news' passa pelo "fortalecimento dos jornais, das rádios e das televisões", e pelo "reforço das capacidades técnicas" dos jornalistas, no sentido de se alcançar um "jornalismo investigativo onde a verdade, e só ela, deve prevalecer".

"Existe já todo um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em liceus e escolas" para abordar a questão da desinformação, disse a responsável da ARC, sublinhando que este esforço é feito também "junto de cursos de jornalismo e comunicação".

Já o presidente interino do Conselho Nacional de Comunicação Social da Guiné-Bissau, Domingos Meta Camará, começou por afirmar que as "cíclicas instabilidades políticas" e financeiras afetam o trabalho dos órgãos de comunicação social do país.

Da mesma forma, o responsável guineense alertou para as consequências dos "constrangimentos financeiros" e de "falhas de energia", que "continuam a ser um entrave ao desenvolvimento".

"É preciso formar jornalistas para que estejam preparados para enfrentar os desafios futuros", apontou ainda Domingos Meta Camará.

Por seu turno, Suzana Manuel Espada, do Conselho Superior da Comunicação Social de Moçambique (CSCS), referiu que a liberdade de imprensa neste país da África Oriental é "uma realidade ainda relativamente nova".

Para a conselheira moçambicana, um dos aspetos mais problemáticos passa pela proliferação de notícias e artigos que citam fontes anónimas.

"A figura falsa é aquela que está por detrás das notícias falsas e da desinformação em Moçambique", referiu a responsável do CSCS, considerando existir uma predominância deste fenómeno em "períodos imediatamente antes e depois de eleições".

O presidente do Conselho de Imprensa de Timor-Leste, Virgílio da Silva Guterres, iniciou a sua intervenção assinalando que "a distância geográfica não isenta" o país do sudeste asiático do fenómeno da desinformação.

"Timor-Leste, há dois anos, atravessou três eleições: uma presidencial e duas legislativas. A desinformação foi muito elevada nesses períodos de campanha", disse Virgílio da Silva Guterres que garantiu que "alguns partidos políticos ganharam vontade de usar estes recursos para chegar ao poder".

Para o timorense, a solução passa pela educação.

"A educação, desde a infância, é um aspeto que temos de continuar a incentivar, através de investimentos na área da educação formal e informal", disse o presidente do organismo criado há dois anos.

"O Conselho de Imprensa de Timor-Leste, como outros órgãos reguladores, está empenhado e envolvido nos trabalhos de educação pública, de literacia mediática, mas, infelizmente, desde há dois anos ainda não pudemos fazer muito" afirmou Virgílio da Silva Guterres, justificando com a falta de verbas.

A vogal da Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA) Edith Daniel assumiu que as 'fake news' são um fenómeno que "está aí" e que "o jornalismo verdadeiro vai ter de enfrentar".

A vogal da ERCA assumiu que a esfera política angolana está apreensiva com as eleições autárquicas - que deverão ser realizadas em 2020 ou 2021 - e com a influência que a desinformação nestas poderá ter.

Edith Daniel apelou para o desenvolvimento de "mecanismos persuasivos, cívicos ou educacionais para que a população menos instruída fique informada".

O presidente do Conselho Superior de Imprensa de São Tomé e Príncipe, José Carlos Barreiros, registou que "cada democracia apresenta as suas forças e fraquezas" e que "o cidadão está cada vez mais exigente com os atores políticos".

As 'fake news', comummente conhecidas por notícias falsificadas, desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o 'Brexit' no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.

 

Jorge Faria de Oliveira