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Filho da jornalista de Malta assassinada acusa Governo de cumplicidade

Roma, 17 out (Lusa) -- O filho da jornalista de investigação maltesa Daphne Caruana Galizia, assassinada na segunda-feira, denunciou hoje a "cultura de impunidade" no país e acusou o Governo de Joseph Muscat e outras autoridades de "cumplicidade" no crime.


"A minha mãe foi assassinada porque se interpunha entre o Estado de direito e quem pretende violá-lo, como muitos outros corajosos jornalistas", denunciou na rede social Facebook Matthew Caruana Galizia, filho da repórter que integrava o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).


No texto, recorda o momento em que encontrou o automóvel envolto em chamas onde morreu a sua mãe, 53 anos, que investigava a relação entre a classe política de Malta com os "Papéis do Panamá" e outros casos de corrupção.


"Esta não foi uma morte comum ou trágica. Trágico é que alguém seja atropelado por um autocarro. Quando há sangue e fogo em teu redor, é a guerra. Somos um povo em guerra contra o Estado e o crime organizado, que se tornaram indistinguíveis", denunciou.


Caruana Galizia refere que Malta "é um Estado da máfia onde podes mudar o teu género no bilhete de identidade (graças a Deus!) mas onde podes ser despedaçado por exercer as tuas liberdades essenciais". Malta é membro da União Europeia desde maio de 2004, integra o acordo de Schengen desde 2007 e aderiu à zona euro em 2008.


Na sua opinião, "o Governo de Malta permitiu que o florescimento de uma cultura de impunidade" e acusou o primeiro-ministro Muscat de "estimular essa mesma impunidade" ao "encher o seu gabinete de delinquentes e imbecis e os tribunais de delinquentes e incompetentes".


"Se as instituições estivessem preparadas para atuar, não haveria assassinatos por investigar, e os meus irmãos e eu ainda teríamos uma mãe", sublinhou.


O filho da jornalista assassinada concluiu a sua denúncia dirigindo-se diretamente a Muscat, ao seu chefe de gabinete, Keith Schembri, ao ministro da Economia, Chris Cardona, ao do Turismo, Konrad Mizzi, ao procurador-geral e à "longa lista de comissários de polícia que não tomaram qualquer medida".


"Sois cúmplices, sois responsáveis por tudo isto", afirmou.


Daphne Caruana Galizia escrevia para um blogue pessoal sobre casos de corrupção e morreu na quinta-feira quando o seu carro foi destruído por uma bomba às 15:00 locais (14:00 em Lisboa), a poucos metros de sua casa.


Hoje, o ministro do Interior maltês disse que o país apelou ao FBI e a peritos forenses europeus para ajudarem na investigação do assassinato, enquanto se sucedem manifestações de protesto e de tributo à jornalista.



PCR // EL


Lusa/Fim