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Harvard acusada de travar investigação sobre Facebook após Zuckerberg doar 500 ME

epa09163770 Joan Donovan, research director at the Shorenstein Center on Media, Politics, and Public Policy and lecturer in public policy at Harvard University, testifies virtually during a Senate Judiciary Subcommittee hearing in Washington, DC, USA, 27 April 2021. The hearing is examining the effect social media companies' algorithms and design choices have on users and discourse.  EPA/Al Drago / POOL

Washington, 05 dez 2023 (Lusa) – Uma investigadora sobre desinformação, que deixou a Universidade de Harvard em agosto, acusou a instituição de silenciar o seu discurso e, depois, de desmantelar a sua equipa, após começar a analisar dados sobre a rede social Facebook.

Estas ações, com impacto no trabalho de Joan Donovan, coincidiram com uma doação de 500 milhões de dólares a Harvard por uma fundação dirigida pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e a sua esposa, Priscilla Chan, noticiou a agência Associated Press (AP).

Numa denúncia divulgada esta segunda-feira, Donovan pede investigações por parte do conselho geral de Harvard, do gabinete do procurador-geral de Massachusetts e do Departamento de Educação dos EUA, sobre “influência inapropriada”.

O diretor da Whisteblower Aid, uma organização sem fins lucrativos que apoia Donovan, classificou o alegado comportamento da Harvard Kennedy School e do seu reitor como uma “traição chocante” da integridade académica desta escola de elite.

Em resposta, a Kennedy School rejeitou as alegações de tratamento injusto e interferência dos doadores.

“A narrativa está cheia de imprecisões e insinuações infundadas, particularmente a sugestão de que a Harvard Kennedy School permitiu que o Facebook ditasse a sua abordagem à investigação”, frisou o porta-voz da instituição, James F. Smith, em comunicado.

A declaração da Whistleblower Aid cita Donovan, que acusa Dean Douglas Elmendorf de submeter a sua equipa à “morte por mil cortes” depois de a investigadora ter começado a fazer planos robustos, em outubro de 2021, para investigar os chamados Arquivos do Facebook, que foram reunidos pela ex-funcionária Frances Haugen para destacar danos públicos.

Apesar da posição pública da empresa de que Haugen estava a exagerar, Donovan e outros investigadores independentes consideraram os documentos como uma confirmação de que o Facebook tinha radicalizado as pessoas, os seus algoritmos fomentavam a animosidade racial, encorajavam a limpeza étnica e prejudicavam a saúde mental dos adolescentes.

“Eu acreditava, honestamente, que esses eram os documentos mais importantes da história da Internet”, realçou esta segunda-feira Donovan, numa entrevista.

Donovan contou que ficou impedida de contratar e de começar projetos, ao ver interrompida a sua arrecadação de fundos, e foi impedida de realizar conferências com mais de 30 participantes ou lançar um podcast.

A investigadora destacou que, depois, o seu contrato foi encurtado e que recusou uma indemnização porque sentiu que seria cúmplice “se recebesse uma recompensa pelo silêncio”.

Harvard contratou Donovan, agora professora assistente na Universidade de Boston, em 2018, onde liderou o Projeto de Investigação em Tecnologia e Mudança Social. Em maio de 2020, foi promovida a diretora de investigação do Shorenstein Center da Kennedy School, onde lecionou.

No seu comunicado, a Kennedy School negou que Donovan tenha sido demitida e aponta que esta era membro da equipa – não do corpo docente – e todos os projetos de investigação na escola devem ser liderados por membros do corpo docente.

A escola “tentou durante algum tempo identificar outro docente que tivesse tempo e interesse para liderar o projeto. Depois de esse esforço não dar certo, o projeto teve mais de um ano para ser encerrado” e a maioria dos membros da equipa de investigação permaneceu em funções, frisou.

Donovan garantiu, por sua vez, que não tinha conhecimento de qualquer procura por alguém para assumir a chefia do projeto de investigação que fundou e para o qual disse ter arrecadado 12 milhões de dólares.

A Kennedy School apontou ainda que a doação de Zuckerberg foi para a Universidade de Harvard, para uma iniciativa sobre inteligência artificial não relacionada.

Quer Chan, quer Zuckerberg frequentaram Harvard, onde o Facebook foi lançado pela primeira vez.

 

DMC // RBF

Lusa/Fim