Jornalista eslovaco morto investigava alegadas ligações entre máfia e políticos
Bratislava, 28 fev (Lusa) -- O jornalista morto a tiro na Eslováquia estava prestes a publicar um artigo sobre corrupção de alto nível envolvendo a máfia italiana e políticos deste pequeno país da zona euro, revelou o órgão para o qual ele trabalhava.
O assassinato do jornalista e da sua namorada, conhecido no fim-de-semana, deixou a Eslováquia em choque e o crime foi condenado por dirigentes da União Europeia e outras organizações internacionais.
Jan Kuciak, 27 anos, trabalhava para a página aktuality.sk, e era especializado em assuntos ligados a corrupção, entre os quais os que dizem respeito a possíveis ligações entre o mundo dos negócios e o partido SMER-SD, do primeiro-ministro, Robert Fico.
O site e outros meios do mesmo grupo publicaram uma versão inacabada do artigo de Kuciak sobre as alegadas relações políticas de empresários italianos suspeitos de estarem ligados à máfia calabresa 'Ndrangheta, que operaria no leste da Eslováquia.
Alguma imprensa fez eco deste artigo, suscitando críticas do primeiro-ministro, que mostrou aos jornalistas várias pilhas de notas, representando um prémio de um milhão de euros para qualquer informação que possa ajudar a encontrar os responsáveis do crime.
"Ligar, sem provas, pessoas inocentes a um duplo homicídio é passar da linha", disse o chefe do Governo.
Os corpos do jornalista e da sua companheira, Martina Kusnirova, foram encontrados no domingo na sua casa em Velka Maca, a cerca de 65 quilómetros a leste de Bratislava.
O duplo homicídio foi cometido entre quinta e domingo e a polícia encontrou munições em torno dos corpos das vítimas.
O assassinato na Eslováquia ocorre depois de, em Malta, ter sido morta a jornalista Daphne Caruana Galizia, que denunciou crimes e corrupção na ilha do Mediterrâneo.
JH (FPA/ JZFO/EL) // PJA
Lusa/fim