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Jornalistas em Malta prometem não se deixar intimidar após assassínio de repórter

La Valleta, 19 out (Lusa) -- Várias centenas de profissionais da comunicação social de Malta concentraram-se hoje em La Valleta para rejeitar publicamente qualquer forma de intimidação, três dias depois do assassínio da jornalista de investigação maltesa Daphne Caruana Galizia.


Concentrados em frente ao Parlamento na capital maltesa, os participantes entoaram frases de ordem e exibiram páginas de jornais pintadas como se estivessem manchadas de sangue.


"Este é um dos atos mais desprezíveis que já foram cometidos neste país. Ninguém merece morrer por exercer o seu direito de falar", declarou Herman Grech, editor do 'site' Times of Malta.


"Estamos aqui para dar esperança à sociedade. (...) Não cederemos à intimidação (...). Não teremos medo", disse o jornalista, aplaudido de forma efusiva pelos seus pares.


Os participantes da ação, que transportavam a bandeira nacional de Malta, marcharam depois em direção ao Palácio da Justiça, onde apresentaram um requerimento a pedir que a investigação ao assassínio de Daphne Caruana Galizia garanta a proteção das fontes que mantinham contacto com a jornalista de investigação.


Daphne Caruana Galizia era a jornalista que liderava a investigação jornalística que ficou conhecida como "Panama Papers" em Malta.


Com 53 anos, a jornalista -- que chegou a denunciar que estava a ser alvo de ameaças de morte - morreu na segunda-feira quando uma bomba explodiu no seu carro.


Também tinha um blog onde denunciava líderes políticos. Uma das suas mais recentes investigações visava o primeiro-ministro de Malta, o trabalhista Joseph Muscat, e alguns dos seus assessores mais próximos.


Um dia depois da morte desta jornalista que integrava o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), um dos seus filhos denunciou a "cultura de impunidade" sentida em Malta e acusou o governo de Joseph Muscat e outras autoridades de "cumplicidade" no crime.


Nessa mesma ocasião, Matthew Caruana Galizia referiu-se a Malta como um "Estado da máfia".


Hoje, num texto divulgado através das redes sociais, Matthew e os outros dois filhos da jornalista pediram a demissão do primeiro-ministro de Malta e criticaram a falta de mudanças na justiça face a uma situação "desesperada" no país.


Em declarações hoje em Bruxelas, antes do início da cimeira de líderes da União Europeia, o primeiro-ministro Joseph Muscat defendeu que Malta "não é definitivamente um país mafioso" e assegurou que o governo de La Valleta vai apurar todos os elementos deste caso.


Malta é membro da União Europeia desde maio de 2004.


Numa ação inédita, os jornais de Malta (incluindo os títulos ligados a partidos políticos) terão todos no domingo a mesma capa, que será uma campanha desenvolvida pelo Instituto de Jornalistas maltês com a frase "A caneta conquista o medo".


As televisões e os 'sites' de informação de Malta também vão divulgar a campanha.



SCA // EL


Lusa/Fim