A apresentar resultados para:
Ordem
Mais Recentes
Mais Recentes Mais Antigas
Data
Tudo
Na Última Hora Últimas 24 Horas Últimos 7 Dias Último Mês Último Ano Tudo Datas específicas

Josef Trappel: Quanto mais incerto o mundo fica, mais importante o jornalismo se torna

epa11496692 A journalist employed by Nine Publishing is  on strike outside their office in the Docklands in Melbourne Australia, 26 July 2024. Staff are on strike after Nine Publishing was unable to reach a deal on a new enterprise bargaining agreement.  EPA/DIEGO FEDELE  AUSTRALIA AND NEW ZEALAND OUT

Lisboa, 08 dez 2024 (Lusa) - O professor da Universidade de Salzburgo Josef Trappel considera, em entrevista à Lusa, que quanto mais incerto o mundo fica, mais importante o jornalismo se torna, incluindo no combate à desinformação feita pelo populismo que está em crescendo.

Josef Trappel, que foi orador principal da conferência da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que decorreu na terça-feira em Lisboa, é professor de política e economia dos media no Departamento de Estudos de Comunicação da Universidade de Salzburgo, Áustria.

Questionado como vê o jornalismo no futuro, com uma mudança na liderança dos EUA, aumento do populismo e os conflitos que perduram, o académico manifesta-se "otimista" porque acredita que "os cidadãos precisam de informação e de orientação em tempos de incerteza".

E "fomos abençoados por incertezas: Não sabemos o que vai acontecer com Donald Trump na América, não sabemos o que vai acontecer com a guerra da Ucrânia na Europa, não sabemos o que a Rússia vai fazer a seguir, nem como o conflito do Médio Oriente vai afetar a Europa Ocidental", prossegue.

Em suma, "há uma série de incertezas e é em tempos como esses que as pessoas tendem a voltar ao jornalismo sério", porque "já não estão satisfeitas com qualquer tipo de notícia pequena que chega aqui e ali, não comprovada, sem saber se é verdade ou não", argumenta.

Ou seja, regressam "à fonte onde confiam nas notícias e na informação" e essas fontes são "os meios de comunicação", não apenas o serviço público de media, mas também jornais e todo o tipo de media profissionais, diz o académico.

"Portanto, quanto mais incerto o mundo fica, mais importante se torna o jornalismo", reforça Josef Trappel.

Nesse sentido, "sou pessimista no que respeita às incertezas, mas sou otimista de que isso é bom para o jornalismo", enfatiza.

Quanto ao que o mais preocupa, Josef Trappel refere que é mais uma preocupação política do que de media.

"Acredito que os media estarão bem e Trump é um trunfo (...) porque agora têm algo sobre o que reportar. Esta é uma boa notícia. Isso é bom todos os dias", mas "estou mais preocupado com a possibilidade de os movimentos populistas assumirem o poder em cada vez mais países", admite.

Até porque "eu próprio venho da Áustria, onde os populistas de direita são o maior partido a sair das últimas eleições" e o mesmo se pode observar "em algumas partes da Alemanha", França "e até em Portugal", onde há 50 deputados de um partido de direita de um total de 230.

O populismo "usa a desinformação como ferramenta para ganhar atenção e atração e é aqui que entra, novamente, o jornalismo", aponta.

O jornalismo "pode ser um exemplo importante no combate à desinformação. Portanto, o jornalismo é o principal agente na competição ou na luta contra o populismo de direita", por isso "tem um papel enorme e importante a desempenhar no futuro", conclui.

Trappel é diretor do Departamento de Estudos de Comunicação da Universidade de Salzburgo e do programa de Mestrado conjunto Erasmus Mundus Comunicação Digital e Liderança.

Estudou Comunicação e Ciência Política nas universidades de Salzburgo e Zurique e o trabalho científico e de investigação que conduz centra-se na relação entre os media, as plataformas digitais e a democracia; nas alterações às estruturas dos meios de comunicação social e as suas implicações na comunicação e na política e economia em matéria de comunicação social a nível nacional e internacional.

Juntamente com Werner A. Meier, Trappel é presidente do Grupo de Investigação Euromedia.

Alexandra Luís