Magnata dos media Rupert Murdoch entregou ao filho a liderança do império
Nova Iorque, 16 nov 2023 (Lusa) -- O magnata dos media Rupert Murdoch passou a liderança do seu império ao filho Lachlan, mas prometeu permanecer "ativo", numa altura em que persistem dúvidas sobre que linha vai seguir o seu canal Fox News nas próximas presidenciais americanas.
Com o passar da pasta vira-se uma página na história dos media. Depois de décadas na liderança de um grupo de comunicação social presente em três continentes, marcadas por controvérsias e pela sua influência na vida política britânica, americana e australiana, Rupert Murdoch, de 92 anos, tornou-se hoje, oficialmente, "presidente emérito" da News Corp, no decurso de uma assembleia geral de acionistas difundida online.
Como anunciado a 21 de setembro, o cargo é entregue ao mais velho dos seus filhos, Lachlan, de 52 anos, tido como mais próximo da linha conservadora do pai que o irmão James e as suas irmãs Prudence e Elisabeth, que nos últimos anos se distanciaram do império familiar
Rupert Murdoch vai entregar ao filho Lachlan duas pastas.
Por um lado, a News Corp, presente no mundo editorial com a HarperCollins e nos media nos EUA com o Wall Street Journal, Dow Jones, New York Post; no Reino Unido com o The Sun e o The Times; e na Austrália com o The Australian e que representam quase 10 mil milhões de dólares em faturação em 2023.
Por outro lado, a Fox Corporation, casa-mãe da Fox News, canal televisivo de informação e posto avançado de batalhas ideológicas dos conservadores americanos, e que deve realizar uma assembleia de acionistas na sexta-feira.
Murdoch deixa a liderança do grupo depois de uma série de controvérsias, uma das quais levou recentemente a um acordo milionário para resolver uma queixa por difamação contra a Fox News por acusar a empresa Dominion Voting Systems, que vende máquinas para votação, de manipulação eleitoral após a derrota de Donald Trump nas eleições de 2020.
Para resolver essa disputa, a cadeia de televisão pagou 787,5 milhões de dólares e ainda tem pendente uma queixa similar por parte da empresa de máquinas de votação Smartmatic, segundo The Wall Street Journal.
Ainda assim, depois de mais de 70 anos de carreira, Rupert Murdoch alertou que a sua saída de cena não é total: "Espero continuar a ter um papel ativo na empresa".
Já quando em setembro tinha sido anunciada a transição para o filho, Murdoch tinha dito aos funcionários da Fox que continuaria "a cada dia no debate de ideias" relativo aos seus canais, "com um olho crítico" e que continuariam a vê-lo "no escritório nas noites de sexta-feira".
"Não há qualquer dúvida que nos devemos todos inquietar com a supressão do debate por uma elite intolerante que considera as opiniões divergentes como anátemas", insistiu hoje o empresário nonagenário, cujos media foram acusados de favorecer o crescimento do populismo nos países anglo-saxónicos, simbolizado pelo Brexit no Reino Unido e pela ascensão de Donald Trump à presidência dos EUA em 2016.
A transição familiar acontece num ano de fortes turbulências para a Fox News, criticada por ter alimentado a desinformação relativamente à covid-19 e servir de megafone à narrativa falsa de Trump de eleições fraudulentas em 2020 em benefício de Joe Biden.
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