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Media destacam ‘fake news’ de Trump na comunicação aos americanos

Washington, 09 jan 2019 (Lusa) – O Presidente dos EUA dirigiu-se aos americanos na terça-feira para explicar a sua estratégia sobre imigração, numa comunicação televisiva com várias declarações falsas ou que precisavam de contexto, segundo têm escrito os media norte-americanos.

Na comunicação transmitida pela televisão a partir da Casa Branca (a primeira realizada a partir da sala oval), Donald Trump justificou por que motivos não assinará qualquer orçamento até ver aprovado pelo Congresso o financiamento de um muro ao longo de toda a fronteira com o México, mesmo que isso implique o prolongamento da paralisação parcial do governo.

Contudo, muitas das alegações do Presidente não coincidem com os factos ou foram apresentadas sem a devida contextualização, necessária para entender a estratégia de Trump sobre imigração.

Na comunicação televisiva, o Presidente dos EUA disse que o 'shutdown' do governo tem um único responsável: o Partido Democrata, por não financiar a segurança na fronteira.

Na verdade, os Democratas oferecem 1,3 mil milhões de dólares (cerca de mil milhões de euros) para medidas de proteção nas fronteiras, incluindo mecanismos de vigilância e vedações fortificadas, apenas se recusando a financiar a construção de um muro.

Donald Trump afirmou que a polícia de fronteira se tem deparado com milhares de imigrantes a tentar entrar no país de forma ilegal, sem capacidade de os travar.

Se é verdade que milhares de pessoas tentam passar diariamente as fronteiras de forma ilegal, também é verdade que cerca de 1.700 desses imigrantes ilegais são detidos, diariamente, e muitos mais são barrados por não cumprirem os requisitos para a entrada.

O Presidente dos EUA afirmou que, nos últimos dois anos, as autoridades de imigração detiveram cerca de 210 mil pessoas com cadastro criminal e ainda cerca de 55 mil com acusações criminais.

Os números são rigorosos, mas Trump não explicou que muitas dessas acusações e condenações dizem respeito a pequenos crimes, incluindo infrações de trânsito.

Para reafirmar a sua promessa eleitoral de que o México iria pagar o muro na fronteira, Trump afirmou na comunicação que isso está a acontecer, graças às receitas do novo acordo comercial com aquele país.

Esta declaração esbarra contra o facto de esse acordo ainda não estar sequer aprovado pelo Congresso e pelos dados que mostram que qualquer benefício económico que dele advenha ser feito à custa de menos impostos cobrados às empresas americanas ou salários mais baixos pagos aos seus funcionários.

Donald Trump afirmou ainda que o muro "se pagará a ele próprio, muito rapidamente", pelos benefícios sociais que trará, diminuindo o tráfico de droga.

Contudo, o Presidente dos EUA não explicou de que forma a redução de tráfico de droga trará benefícios financeiros diretos e a eficácia do muro para travar esse mesmo tráfico, com vários especialistas a dizer que a droga está a ser movimentada por túneis subterrâneos e não por via terrestre.

Ricardo Jorge Pinto