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MediaLab: Ativistas amplificaram conteúdos associados ao Chega em dia de reflexão para legislativas

Uma apoiante do Chega acena uma bandeira durante um jantar com militantes no âmbito da campanha eleitoral para as eleições legislativas, em Guimarães, 08 de maio de 2025. ESTELA SILVA/LUSA

Lisboa, 21 jun 2025 (Lusa) – Uma investigação de especialistas em desinformação conclui que ativistas digitais coordenaram-se para amplificar conteúdos associados ao discurso do Chega no dia de reflexão das eleições de maio, com cerca 850 mil impressões e visualizações.
Nas semanas que antecederam as eleições, “foram detetados alguns casos de coordenação entre contas e redes anónimas”, embora sem evidências de “controlo automatizado”, através de bots’, ou através de operações externas, com origem noutros intervenientes estrangeiros, segundo um relatório do MediaLab, Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), em Lisboa.
Este relatório resulta de um projeto entre a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o MediaLab do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), em Lisboa, com vista a aferir a desinformação e os conteúdos a circular nas redes sociais e meio ‘on-line’ no período pré-eleitoral.
Os investigadores detetaram ainda perfis nacionais “muitas vezes anónimos ou pseudónimos” que atuavam “em rede para amplificar conteúdos alinhados com o discurso do partido Chega”.
Essas contas, com grande “sobreposição de seguidores e partilhas sincronizadas”, conseguiram atingir “centenas de milhares de visualizações em momentos-chave, como no dia de reflexão”, no sábado, véspera das eleições, em que a lei portuguesa impede os media de noticiarem ações de campanha.
Em números, a rede de ativistas digitais, que publicava no Instagram, teve um total de 850 mil impressões e visualizações do conteúdo publicado apenas num dia, 17 de maio.
O relatório identifica várias contas envolvidas na disseminação de ‘posts’ e publicações relacionadas com narrativas dirigidas “contra adversários políticos e sistematicamente favoráveis ao partido Chega”.
O coordenador do projeto, o sociólogo Gustavo Cardoso, alertou, antes da campanha eleitoral, para o risco de Inteligência Artificial (IA) poder potenciar a desinformação. Agora, no relatório conclui-se não haver evidência de automação na disseminação destes conteúdos.
Pelo contrário, os dados mostram que esta grande disseminação de publicações “resulta de uma bem-sucedida ativação de ativistas digitais altamente motivados, que nalguns casos poderão gerir mais do que uma conta”.
Ao contrário do que aconteceu na campanha para as legislativas de 2024, a equipa da MediaLab não encontrou indícios de interferência externa direta na campanha. Há um ano, os investigadores encontraram esses indícios com a publicação de anúncios ‘on-line’ contra PSD e PS.
Para este projeto do MediaLab, CNE e Lusa, de que foi agora publicado o relatório final, os dados foram recolhidos pelos investigadores nas redes sociais Facebook, Instagram, X, Tiktok e Youtube, com recurso a ferramentas ‘on-line’.
O sociólogo Gustavo Cardoso foi o coordenador do projeto para aferir a desinformação e os conteúdos a circular nas redes sociais e meio ‘on-line’ no período pré-eleitoral. Da equipa MediaLab também fazem parte José Moreno, Inês Narciso, Paulo Couraceiro e João Santos.

 

Nuno Simas