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Moscovo acusa relatório britânico de “russofobia esculpida com falsidades”

Moscovo, 21 jul 2020 (Lusa) -- O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo descreveu como "russofobia esculpida com falsidades" o relatório hoje divulgado pelas autoridades britânicas que investigaram a alegada interferência russa no sistema político do Reino Unido.


O relatório da Comissão Parlamentar de Informação e Segurança britânica reconhece existir suspeitas do efeito da propaganda pró-Brexit ou anti-UE da estação de televisão russa RT e do site Sputnik, e o uso de 'bots' [aplicação de software que simula ações humanas repetidas várias vezes de maneira padrão] e 'trolls' [pessoas usadas para provocar e desestabilizar uma discussão] nas redes sociais, mas afirma que "o impacto real de tais tentativas no resultado em si seria difícil - se não impossível - de provar".


Em reação a este relatório, o Governo russo voltou a negar, hoje, as acusações de interferência russa na democracia britânica.


"Não há factos. Trata-se de russofobia esculpida com falsidades", disse Maria Sakharova, porta-voz da diplomacia russa, comentando o relatório hoje divulgado.


Na quinta-feira passada, o Reino Unido acusou "atores russos" de interferência durante a campanha para as eleições legislativas de dezembro passado ao divulgar na internet de documentos relacionados às negociações entre Londres e Washington sobre um futuro acordo de comércio pós-Brexit.


"A Rússia nunca interveio nos processos eleitorais de nenhum país: nem nos Estados Unidos, nem no Reino Unido, nem em nenhum outro país", disse hoje, por sua vez, Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, em declarações aos jornalistas.


Peskov salientou que esse não é o procedimento da Rússia.


"Nós também não toleramos que outros países tentem interferir nos nossos assuntos políticos", explicou o porta-voz do Kremlin, acusando o relatório da Comissão Parlamentar britânico de promover "acusações gratuitas".


O relatório foi concluído e apresentado ao primeiro-ministro, Boris Johnson, em outubro passado, mas este invocou questões de segurança nacional para não publicá-lo antes das eleições de 12 de dezembro, as quais ganhou com maioria absoluta.


O relatório hoje publicado afirma que o Reino Unido é um alvo importante da campanha de desinformação russa devido à proximidade dos EUA e à influência junto dos aliados ocidentais para serem tomadas medidas contra a Rússia.


Mas também alerta para o risco da influência russa no Reino Unido, onde "governos sucessivos receberam de braços abertos os oligarcas e o seu dinheiro, fornecendo-lhes um meio de reciclagem de financiamento ilícito através da 'lavandaria' de Londres e acesso aos níveis mais altos de empresas e figuras políticas".


A investigação da comissão parlamentar, iniciada em 2017, teve com o objetivo abordar as preocupações sobre a interferência externa nas eleições de 2016 nos EUA e o impacto de campanhas de desinformação oriundas da Rússia.


As relações entre Londres e Moscovo deterioraram-se desde que o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia foram envenenados com um agente neurotóxico em Salisbury em março de 2018.


Os dois sobreviveram, bem como um polícia que foi contaminado, mas a britânica Dawn Sturgess morreu após ter encontrado o recipiente usado para transportar a substância.


As autoridades britânicas acusaram formalmente Alexander Petrov e Ruslan Boshirov, membros da agência de informações russa GRU.


A Rússia negou qualquer envolvimento, mas o caso desencadeou uma onda de expulsões cruzadas de diplomatas entre Londres e os seus aliados e Moscovo.



RJP (BM) // ANP


Lusa/Fim