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Nobel da Paz alerta para urgência em defender jornalismo e combater desinformação – Sindicato Jornalistas

epaselect epa09512768 A compositr image shows Rappler CEO Maria Ressa in Hong Kong, China, 16 May 2019 (L) and 'Novaya Gazeta' editor-in-chief Dmitry Muratov in Moscow, Russia, 14 June 2012 (R), issued 08 October 2021. Maria Ressa and Dmitry Muratov were announced 2021 Nobel Peace Prize laureate by the Nobel Committee in Oslo on 08 October 2021.  EPA/JEROME FAVRE/SERGEI CHIRIKOV

 

Lisboa, 08 out 2021 (Lusa) -- O presidente do Sindicato de Jornalistas saudou hoje a atribuição do Nobel da Paz a dois jornalistas, que vê como um alerta para a urgência em defender o jornalismo e combater a desinformação e assim proteger os sistemas democráticos.

O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, pela defesa da liberdade de imprensa e de expressão.

"Acho que é um momento para celebrarmos, porque é uma mensagem muito importante que o Comité Nobel deu que é que neste momento é urgente defendemos o jornalismo e combatermos a desinformação e só há uma forma de o fazer que é com jornalismo", disse em declarações à Lusa o presidente do Sindicato de Jornalistas, Luís Filipe Simões.

O representante dos jornalistas alertou para a "crescente difusão de desinformação" que tem posto em "perigo as democracias um pouco por todo o mundo".

A atribuição do Nobel da Paz a Maria Ressa e Dmitry Muratov "foi um sinal muito positivo de que chegou o momento de acharmos que não basta o discurso. Temos, com atos, de fazer uma defesa efetiva e eficaz do jornalismo", acrescentou.

Luís Filipe Simões considerou que nesta luta pela defesa do jornalismo os governos têm um papel essencial a desempenhar: "É uma mensagem aos governos um pouco por todo o mundo para lhes dizer que este setor deve e tem de ser apoiado, porque é a única forma de não se corroerem, de uma vez por todas, os pilares das várias democracias de todo o mundo".

O presidente do Sindicato de Jornalistas lembrou que defender o jornalismo "é a única forma de defender as democracias" e garantir uma harmonia entre todos sem "narrativas comprovadamente falsas".

"A informação é jornalismo, porque nos temos que a verificar e isso é determinante nestes tempos", acrescentou Luís Filipe Simões, que acredita que o jornalismo consegue combater-se "as diversas narrativas manifestamente falsas que circulam a uma velocidade incrível".

"Há duas expressões utilizadas pelo comité sobre a Maria Ressa e Dmitry Muratov que são as palavras "corajosos" e "notáveis" que é no fundo o que devemos ser todos nós, jornalistas. O que eles demonstraram, com o trabalho deles, é precisamente isto, em defesa da liberdade de expressão, de imprensa, na luta contra alguns tiques e alguns abusos de poder temos de ser corajosos e notáveis. Só o jornalismo é que consegue mediar e verificar as informações e é a única via de termos democracias sustentáveis e uma paz efetiva", sublinhou.

Os dois jornalistas foram distinguidos "pela sua corajosa luta pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia. Ao mesmo tempo, são representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas", justificou a presidente Comité Nobel Norueguês, Berit Reiss-Andersen.

Berit Reiss-Andersen lembrou hoje que "sem liberdade de expressão e liberdade de imprensa, será difícil promover com sucesso a fraternidade entre nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor para ter sucesso no nosso tempo".

Maria Ressa, 58 anos, "usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo" nas Filipinas, onde dirige o Rappler, um órgão de comunicação social digital que se dedica ao jornalismo de investigação e que cofundou em 2012.

O Comité Nobel destacou, em particular, o papel de Ressa e do Rappler na denúncia da "controversa e assassina campanha antidroga do regime" do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte.

Para o Comité, o número de mortes desta campanha é tão elevado que "se assemelha a uma guerra travada contra a própria população do país".

Ressa e o Rappel também "documentaram como os meios de comunicação social estão a ser utilizados para espalhar notícias falsas, assediar adversários e manipular o discurso público".

Dmitry Muratov, 59 anos, é um dos fundadores do jornal independente Novaja Gazeta, criado em 1993, e de que é chefe de redação há 24 anos.

Para o Comité Nobel, trata-se do "jornal mais independente da Rússia, com uma atitude fundamentalmente crítica em relação ao poder".

"O jornalismo livre, independente e baseado em factos serve para proteger contra abusos de poder, mentiras e propaganda de guerra", disse Berit Reiss-Andersen.

Pelo seu jornalismo baseado em factos e a sua integridade profissional, o Novaja Gazeta é "uma importante fonte de informação sobre aspetos censuráveis da sociedade russa raramente mencionados por outros meios de comunicação social", acrescentou.

O Comité Nobel "está convencido de que a liberdade de expressão e a liberdade de informação ajudam a assegurar um público informado".

"Estes direitos são pré-requisitos cruciais para a democracia e a proteção contra a guerra e os conflitos", acrescentou.

Este prémio é o quinto dos anunciados até hoje, depois dos prémios de Medicina, Química, Física e Literatura, e antes do prémio de Economia, que será atribuído na próxima segunda-feira.

Os laureados irão receber um prémio de oito milhões de coroas suecas (cerca de 788 mil euros), além de um diploma e uma medalha.

 

Sílvia Maia