ONU critica empresas donas de redes sociais por falta de resposta eficaz à desinformação
Nações Unidas, 23 mai 2022 (Lusa) – A Organização das Nações (ONU) criticou hoje as empresas donas das redes sociais por não darem a resposta mais eficaz para prevenir a disseminação de desinformação.
"As redes sociais podem alimentar a polarização e, às vezes, a violência. O mau uso das redes sociais – e a resposta às vezes limitada ou não totalmente adequada das empresas de redes sociais – está a permitir a disseminação de desinformação, radicalização até chegar à violência, racismo e misoginia. Isso pode aumentar as tensões e, em alguns casos, exacerbar o conflito", afirmou a subsecretária-geral da ONU para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, perante o Conselho de Segurança.
Num 'briefing' sobre tecnologia e segurança no Conselho de Segurança, convocado pelos Estados Unidos e focado no "uso de tecnologias digitais na manutenção da paz e segurança internacionais”, foi citado ainda o caso da Etiópia, em que com a escalada dos combates, registou-se um "aumento alarmante" de publicações nas redes sociais espalhando retórica inflamatórias, como incitações a violência étnica.
A ONU também sublinhou que a desinformação pode prejudicar a capacidade das suas próprias missões em implementar os seus mandatos, exacerbando falsidades e alimentando a polarização.
"No Iraque, por exemplo, após relatos de aumento do assédio 'on-line' de candidatas femininas nas eleições do ano passado, a UNAMI [Missão de Assistência das Nações Unidas para o Iraque] fez parcerias com organizações da sociedade civil para monitorizar o discurso de ódio, emitir relatórios públicos e fortalecer a educação do eleitor", explicou.
"Devemos abraçar plenamente as oportunidades oferecidas pelo digital para promover a paz. Mas, para isso, devemos também mitigar os riscos que tais tecnologias representam e promover o seu uso responsável por todos os atores", acrescentou.
Também o professor adjunto da Universidade McGill, Dirk Druet, foi um dos convidados a intervir neste 'briefing' do Conselho de Segurança e citou a guerra da Rússia na Ucrânia como um exemplo onde as tecnologias estão a ser usadas para moldar a narrativa pública.
Nesse sentido, Druet, que é investigador, consultor de políticas e estratego com mais de uma década de experiência no pilar internacional de paz e segurança das Nações Unidas, sugeriu que a própria ONU assuma um papel mais explícito e deliberado como ator da informação em ambientes de conflito.
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