PERGUNTAS E RESPOSTAS ‘Fake news’, ‘infox’, manipulação: o que é?
Lisboa, 11 nov (Lusa) -- O fenómeno das 'fake news' ou manipulação ganhou relevo com as eleições nos EUA e a alegada influência na vitória de Donald Trump ou ainda no referendo ao ´Brexit'.
O Parlamento Europeu quer tentar travar estes fenómenos nas eleições europeias de 2019 e, em 25 de outubro, aprovou uma resolução na qual defende medidas para reforçar a proteção dos dados pessoais nas redes sociais e combater a manipulação das eleições, após o escândalo do abuso de dados pessoais de milhões de cidadãos europeus.
++++ O que são 'fake news'? +++
Na tradução literal do inglês significa "notícias falsas", embora esta definição, para os jornalistas, seja uma contradição: se for mentira ou falsificada (outro significado de 'fake'), não é notícia. Em alternativa, pode também dizer-se "informações falsificadas", conceito que remete para manipulação.
Os franceses, por exemplo, optaram pelo termo "infox" (amálgama de informação e intoxicação), lê-se numa entrada do Ciberdúvidas, 'site' do jornalista José Mário Costa, que tem um consultório e é um espaço de debate e esclarecimento sobre a Língua Portuguesa.
+++ Qual a diferença entre 'fake news' e notícias erradas? +++
As notícias erradas são resultado de um erro ou uma inexatidão não intencional da parte de um jornalista, enquanto as 'fake news' são informações falsificadas com fins políticos, económicos ou outros.
+++ Como se propagam? +++
Através das redes sociais, Twitter, Facebook ou por aplicações mais fechadas como o Whatsapp. Há 'sites' dedicados a noticias falsas, sediados em países europeus, mas com o ip registado no Texas, por exemplo, de onde partiram centenas de notícias manipuladas. Em alguns casos, esses 'sites' têm uma aparência e siglas idênticas aos dos 'media' reais.
+++ Como se conseguem identificar as 'fake news'? +++
O Facebook tem uma espécie de guia, em 10 passos, que ajuda a identificar notícias falsas durante um período eleitoral. Os conselhos passam por desconfiar de manchetes muito apelativas, verificar a fonte da "notícia" ou por procurar reportagens sobre o mesmo tema e culmina com o apelo para o leitor pensar "de forma crítica" o que se lê, seja em 'sites' ou nas redes sociais.
Há vários 'sites' que se dedicam a verificar a informação, entre eles www.bellingcat.com, www.crowdtangle.com ou www.factcheck.org, para a política americana, ou ainda a agência Lupa https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/), no Brasil. Em Portugal, na semana passada, durante o Web Summit, cimeira tecnológica, foi anunciado um "site" português, o Polígrafo (https://poligrafo.sapo.pt/).
+++ O que está a ser feito para combater o fenómeno? +++
Na sequência do escândalo da Cambridge Analytical, que utilizou uma aplicação para recolher dados de milhares de utilizadores do Facebook, o Reino Unido multou a empresa fundada por Mark Zuckerberg em 500 mil libras (560 mil euros), trazendo o problema da manipulação para a agenda política e mediática.
Na Europa, foram anunciadas, nos últimos meses, uma série de iniciativas. Em 25 de outubro, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução em que apela aos Estados-membros da União Europeia (UE) a "adaptarem as regras eleitorais às campanhas em linha ('on-line'), como as regras relativas à transparência sobre o financiamento, os períodos de reflexão, o papel dos meios de comunicação social e a desinformação".
A Comissão Europeia também dinamizou um código de boas práticas. em vigor desde outubro, que prevê um acordo com várias plataformas eletrónicas.
Em Portugal, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) está a preparar iniciativas-piloto com o centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) para tentar minimizar o fenómeno das "fake news" nas eleições europeias e legislativas de 2019, em Portugal. E o parlamento está também empenhado em lançar o debate sobre o tema.
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