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Procurador britânico pede cuidado na cobertura do julgamento de homicida de lusodescendente

Londres, 16 jan 2025 (Lusa) - O Procurador-Geral britânico, Richard Hermer, pediu hoje cuidado a jornalistas e utilizadores das redes sociais na cobertura do julgamento de Axel Rudakubana pela morte de três crianças, entre as quais uma lusodescendente, em julho passado. 


O responsável garantiu que "a divulgação justa e exacta de processos judiciais realizados em público" é permitida, mas avisou para o risco de ser publicado "material ou comentários na Internet que sejam inexatos, injustos ou envolvam discussões ou comentários que possam influenciar as deliberações do júri".


Nesse caso, os responsáveis podem ser processados por desrespeito ao tribunal por "interferência na administração da justiça e no direito a um julgamento justo". 


O aviso pretende evitar a circulação de rumores e desinformação nas redes sociais, semelhantes aos que levaram à eclosão de tumultos no Reino Unido no ano passado, cuja origem é atribuída a grupos e indivíduos de extrema-direita.


O aviso surge dias antes do julgamento, que está agendado para começar na segunda-feira, no tribunal penal de Liverpool. 


Axel Rudakubana, de 18 anos, foi acusado do homicídio de três crianças, de 6, 7 e 9 anos, incluindo a portuguesa Alice da Silva Aguiar, em 29 de julho, em Southport (noroeste de Inglaterra), num ataque com uma faca. 


Está também acusado da tentativa de homicídio de 10 outras pessoas, incluindo oito crianças, da produção de ricina, uma substância tóxica, e da posse de um manual de treino do grupo terrorista Al-Qaeda.


A polícia disse que os esfaqueamentos não foram classificados como atos de terrorismo porque o motivo ainda não é conhecido.


O julgamento está previsto durar cerca de quatro semanas.


Rudakubana nasceu em Cardiff, no País de Gales, em 2006, numa família oriunda do Ruanda, e vivia na área de Southport, norte de Inglaterra, desde 2013. 


Porém, rumores falsos nas redes sociais atribuíram a responsabilidade do ataque a um requerente de asilo ou imigrante muçulmano, o que motivou protestos nas ruas de Southport e confrontos violentos com a polícia.


Motins anti-imigração alastraram a outras cidades nos dias seguintes, resultando em mais de 300 polícias feridos e ataques a civis, automóveis e edifícios, nomeadamente a tentativa de incendiar hotéis que albergavam imigrantes.


Mais de 1.200 pessoas foram detidas na sequência da desordem que durou uma semana e centenas foram presas, com sentenças até nove anos de prisão.


Um relatório da Inspetoria da Polícia e dos Serviços de Bombeiros e Proteção Civil, publicado em dezembro, criticou as autoridades por não terem identificado o risco de distúrbios violentos após uma série de pequenos incidentes ocorridos no Reino Unido nos últimos dois anos e por falta de recolha de informação nas redes sociais e Internet.



BM // MLL


Lusa/fim