REPORTAGEM: Apoiantes de Bolsonaro contra os media tradicionais
*** Carolina de Ré, da agência Lusa ***
Brasilia, 01 jan (Lusa) - Muitos dos milhares de apoiantes do novo Presidente brasileiro gritaram hoje palavras de ordem contra os media tradicionais e esperam mudanças de políticas concretas no país, conforme as promessas feitas pelo novo chefe de Estado.
Junto ao Palácio do Planalto, onde Bolsonaro irá tomar posse oficial do cargo, apoantes gritaram palavras de ordem contra a Rede Globo, maior empresa de comunicação do Brasil, que está fazendo a transmissão reproduzida em altifalantes e telas gigantes na frente do Palácio do Planalto.
Defronte do Palácio , a professora Cassia Gonçalves, 36 anos, disse à Lusa estar ansiosa pela chegada de Bolsonaro.
"Estou esperando para filmar, para pegar uma imagem dele. Estou ansiosa desde ontem, esperando este momento que é um marco que vai revolucionar o Brasil", afirmou a docente, que espera mudanças no setor.
"Eu sou professora e acho que ele vai mudar a educação no Brasil. Não vou generalizar, mas em algumas escolas dentro da educação tem muita coisa errada, esse preconceito do marxismo", explicou.
No meio dos ânimos exaltados e por causa do intenso calor, cerca de 30 graus, uma jovem que aguardava a chegada do Presidente foi atendida pelos bombeiros.
Carlos Lucoli, 35 anos, presidente do movimento direita Amazonas disse à Lusa que esta vitória de Bolsonaro consiste na eliminação da presença do Partido dos Trabalhadores no país.
"Em 2014 começámos a apoiar o deputado Jair Bolsonaro agora presidente" e o objetivo é que o novo Presidente "proporcione liberdade económica, diminuir as burocracias nas negociações no mercado interno e externo".
"Queremos investidores no Brasil gerando emprego e rendimento", acrescentou.
O capitão do Exército brasileiro na reserva e ex-deputado Jair Bolsonaro, de 63 anos, toma posse hoje, em Brasília, Presidente da República Federativa do Brasil, cerimónia que prevê apertadas medidas de segurança e delegações de mais de 60 países.
Na capital brasileira são esperados pelo menos uma dúzia de chefes de Estado e de Governo. Entre os líderes confirmados estão o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e presidentes latino-americanos como Evo Morales (Bolívia), Ivan Duque (Colômbia), Sebastián Piñera (Chile), Juan Orlando Hernández (Honduras), Mario Abdo Benitez (Paraguai), Martin Vizcarra (Peru), e Tabare Vazquez (Uruguai).
Estará também presente o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, o primeiro-ministro do Marrocos, Saadedine Othmani, e o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, entre outros.
Está previsto um forte cordão policial e militar em torno das cerimónias em Brasília, medidas alargadas ao espaço aéreo, com a autorização presidencial para abater, durante 24 horas, qualquer aeronave que represente um perigo iminente para o evento.
Eleito em outubro, à segunda volta, com o lema conservador "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", Jair Messias Bolsonaro, de extrema-direita, assume a pretensão de liderar um movimento conservador no maior país da América Latina, centrado na defesa da ordem civil inspirada na cultura militar, da moral cristã e no liberalismo económico.
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