A apresentar resultados para:
Ordem
Mais Recentes
Mais Recentes Mais Antigas
Data
Tudo
Na Última Hora Últimas 24 Horas Últimos 7 Dias Último Mês Último Ano Tudo Datas específicas

Rússia vai apresentar “documentos” sobre “verdadeira natureza” de acontecimentos em Bucha na Ucrânia

epaselect epa09874818 Residents walk past destroyed Russian military machinery on the street, in Bucha, the town which was retaken by the Ukrainian army, northwest of Kyiv, Ukraine, 06 April 2022. Hundreds of tortured and killed civilians have been found in Bucha and other parts of the Kyiv region after the Russian army retreated from those areas. Russian troops entered Ukraine on 24 February resulting in fighting and destruction in the country, and triggering a series of severe economic sanctions on Russia by Western countries.  EPA/ROMAN PILIPEY

Moscovo, 04 abr 2022 (Lusa) -- A Rússia vai apresentar hoje "documentos" mostrando o que afirma ser a "verdadeira natureza" dos acontecimentos na cidade ucraniana de Bucha, onde as forças russas são acusadas de ter massacrado civis, indicou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

"Hoje, por intermédio do nosso representante permanente [nas Nações Unidas], vamos dar uma conferência de imprensa na qual serão apresentados documentos claros sobre a verdadeira natureza dos acontecimentos", declarou o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russos precisou que essa conferência de imprensa se realizará às 19:30 TMG (20:30 em Lisboa), na sede da ONU, em Nova Iorque.

Antes de Lavrov se pronunciar, já o Kremlin tinha "categoricamente" negado todas as acusações ligadas à descoberta de um grande número de cadáveres de civis em Bucha, perto da capital ucraniana, Kiev, após a retirada das tropas russas da cidade.

Lavrov disse que as imagens de cadáveres espalhados nas ruas, empilhados e em valas comuns eram "falsas", denunciando uma campanha de "propaganda" e de "desinformação".

Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, instou hoje os Governos "que ainda tenham dúvidas sobre os crimes de guerra russos" a "visitarem Bucha" e advertiu de que as imagens dos massacres ali perpetrados são apenas "a ponta do icebergue" da brutalidade da invasão russa em curso na Ucrânia.

Kuleba referia-se às centenas de cadáveres de civis presumivelmente executados que foram encontrados naquela cidade próxima de Kiev quando o exército russo retirou, numa conferência de imprensa em Varsóvia, com a sua homóloga do Reino Unido, Liz Truss.

A MNE britânica, que na terça-feira se reunirá com o homólogo polaco, anunciou que o seu Governo impulsionará ações legais internacionais contra a Rússia por crimes de guerra e que Londres está "a colaborar estreitamente" com a Ucrânia para tal.

A responsável confirmou que o Reino Unido está a preparar uma ajuda avaliada em mais de 11 milhões de euros aos civis vítimas da guerra.

Na sua intervenção, Kuleba sublinhou que "já não há lugar para meias-tintas" e instou os líderes europeus "que ainda tenham dúvidas" a "visitarem Bucha agora mesmo, verem as valas comuns e depois falarem" com ele.

O MNE ucraniano fez um apelo "à União Europeia, à NATO e ao G7" para que ampliem o alcance das sanções económicas contra Moscovo e forneçam armas ao seu país.

"Quantas mais armas tivermos, mais depressa e melhor poderemos impedir a Rússia de cometer mais crimes", sustentou Kuleba, acrescentando que o seu Governo "expôs esta situação" antes, mas "depois daquilo que se viu em Bucha" é "o momento de garantir que os culpados pagarão pelos seus crimes perante a Justiça Internacional".

O que aconteceu em Bucha "é só a ponta do icebergue", assegurou, observando que "o que está a acontecer em Mariupol é muito pior".

O ministro ucraniano saudou a cooperação existente entre os Governos do seu país, do Reino Unido e da Polónia, classificando os membros deste último como "os amigos mais próximos", como ficou provado "no último mês", e expressou a sua confiança em que possam "fazer muito mais juntos".

A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de dez milhões de pessoas, mais de 4,1 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 40.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a organização confirmou hoje pelo menos 1.430 mortos, incluindo 121 crianças, e 2.097 feridos entre a população civil.

ANC //RBF

Lusa/Fim