Sudão: Jornalistas denunciam perseguição e alertam para estado de desinformação
Cartum, 03 mai 2024 (Lusa) - O sindicato de jornalistas do Sudão denunciou hoje a "perseguição, assédio e violência" de que estes profissionais são vítimas desde que eclodiu a guerra entre o exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF).
"O que está realmente a acontecer é que os jornalistas têm sido alvo de todos os tipos de violações desde que os combates começaram em Cartum; há 400 violações documentadas desde o início da guerra, a 15 de abril do ano passado, até hoje, incluindo seis mortos", disse a Organização de Jornalistas Sudaneses, numa declaração citada pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), no âmbito do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
Durante a guerra, segundo o sindicato, centenas de jornalistas foram obrigados a abandonar as zonas de conflito armado e a deixar o país em busca de segurança, com muitos a terem de fugir "assombrados por acusações de traição ou de fidelidade a um ou outro lado, ameaçados de detenção, de prisão arbitrária ou de desaparecimento forçado ou até de morte por capricho das partes beligerantes", acrescenta-se no comunicado citado pela AFP.
Isto, concluíram, levou a um "estado de desinformação" no país, havendo atualmente "menos de 100 jornalistas na capital, Cartum", a que se juntam menos de 60 em Darfur.
A existência de poucos jornalistas no terreno resultou num "estado de desinformação que encorajará e permitirá mais violações, bem como o recuo da cobertura profissional em favor do discurso da guerra e do ódio, que dilacera a sociedade", dizem os jornalistas do Sudão.
O sindicato afirmou que a liberdade de imprensa não é apenas um direito dos jornalistas, mas de toda a sociedade, e sublinhou a importância de um ambiente de trabalho seguro e compatível para todos os jornalistas, renovando o seu compromisso de continuar a luta pela liberdade de imprensa e de expressão.
O conflito no Sudão, que evoluiu para a guerra a 15 de abril do ano passado, já causou a morte a cerca de 15 mil pessoas e obrigou 8,6 milhões de sudaneses a abandonarem o país, empurrando outros 18 milhões para uma situação de fome, de acordo com os dados das Nações Unidas, que tem chamado repetidamente a atenção para a escalada do conflito e para as abrangentes e duradouras consequências nos sudaneses.
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