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Suécia suspeita que agentes estrangeiros terão incitado atos islamofóbicos

epa09895565 Cars on fire on Von Rosens road near Rosengardsskolan during a protest at Rosengard in Malmo, Sweden, late 17 April 2022 (issued 18 April 2022). The police went to the scene with a large number of vehicles and fired tear gas to disperse crowd. Violent unrest continue in Malmo following statements by the leader of the far-right political party Hard Line, Danish-Swedish politician Rasmus Paludan, who had already sparked outrage after burning a copy of the Koran on 14 April in a heavily-populated Muslim area in the town of Linkoping.  EPA/JOHAN NILSSON  SWEDEN OUT

Copenhaga, 21 abr 2022 (Lusa) -- O Governo da Suécia suspeita que agentes estrangeiros terão incitado os violentos tumultos registados em várias cidades do país na semana passada, de acordo com o ministro da Justiça.

Pessoas arremessaram pedras e atearam fogo a viaturas e a caixotes do lixo, depois de um elemento de extrema-direita dinamarquês ter anunciado planos de realizar protestos na Suécia.

Rasmus Paludan queimou cópias do Corão em eventos na Dinamarca, tendo a notícia de que iria fazer o mesmo na Suécia provocado vários motins.

O extremista de direita, que tem nacionalidade dinamarquesa e sueca, "parece, por algum motivo, odiar a Suécia e tentar prejudicar a Suécia. Não entendo por quê", disse o ministro da Justiça sueco, Morgan Johansson.

Numa entrevista ao jornal sueco Aftonbladet publicada esta quinta-feira, o governante lembrou as alegações 'online' que surgiram no início de 2022 sobre os organismos de serviço social que estariam a sequestrar crianças muçulmanas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros sueco publicou uma mensagem na rede social Twitter, em fevereiro, alertando para "uma campanha de desinformação".

Uma agência do país escandinavo criada para combater a desinformação disse que as alegações de sequestro podem ser atribuídas a um 'site' árabe, cujo fundador expressou apoio ao grupo 'jihadista' Estado Islâmico.

"Há muitos sinais de que eles [movimentos extremistas] estão a funcionar aqui, a fazer campanha e a apoiar isso de várias formas", indicou.

"Vemos como a imagem da Suécia é definida por alguns desses atores no Médio Oriente. Também é abordada por alguns governos, no Iraque e no Irão", acrescentou Morgan Johansson.

Depois de as intensões provocatórias de Rasmus Paludan terem chegado ao Irão e aos Emirados Árabes Unidos (EAU), os governos de Teerão e Dubai convocaram diplomatas suecos para discutir a situação.

Os confrontos entre as forças de segurança da Suécia e manifestantes contra um grupo de extrema-direita que anunciou uma queima do Corão provocaram 40 feridos, nos últimos dias, anunciou segunda-feira a polícia local.

"Alguns casos podem ser considerados tentativas de homicídio [de membros] das forças de segurança e todos os casos constituem agressões grosseiras à polícia", afirmou o chefe da Polícia Nacional, Anders Thornberg, em conferência de imprensa, acrescentando que entre os 40 feridos contam-se 26 polícias e 14 civis.

A extensão dos ferimentos não foi revelada, mas, segundo a imprensa local, só se registaram feridos ligeiros.

Os primeiros confrontos ocorreram na quinta-feira da semana passada em Linköping e Norrköping (sul da Suécia), onde decorreram as duas primeiras fases da digressão do movimento e pequeno partido anti-imigração e anti-Islão Linha Dura (Stram Kurs, na designação original), liderado pelo dinamarquês-sueco Rasmus Paludan.

Paludan, que foi condenado na Dinamarca por insultos racistas, tem feito nos últimos dias uma "digressão" na Suécia, sobretudo por bairros com grande percentagem de população muçulmana, onde tem como ritual queimar o Corão, o livro sagrado do Islão, provocando violentas contramanifestações.

A seguir, o grupo dirigiu-se para Örebro (centro), para os subúrbios de Estocolmo e para Malmö (sul) antes de anunciar novas manifestações para domingo em Linköping e Norrköping.

No domingo, eclodiram confrontos nestas duas cidades, tendo sido queimados vários carros e atiradas pedras contra a polícia, sendo detidas 26 pessoas.

"Indivíduos criminosos aproveitaram a situação para mostrar violência", mas "sem relação com as manifestações", referiu Thornberg na conferência de imprensa, defendendo serem necessários mais meios.

"Somos muito poucos. Os nossos efetivos estão a aumentar, mas não na mesma proporção que os problemas da sociedade", lamentou.

"Cerca de 200 participantes foram violentos no local e a polícia teve de intervir com armas, em legítima defesa", disse ainda o chefe de operações especiais, Jonas Hysing.

A polícia já tinha anunciado que três pessoas tinham sido feridas por balas durante o incidente, classificado como "motim", pela polícia.

Os apelos de Paludan para a queima do Corão estão a provocar vários protestos no mundo árabe.

JML (PMC) // JMC

Lusa/Fim