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Relatório: Rússia intensificou operações de desinformação sobre Ucrânia

epa11913178 A man and a woman speak while standing between Russian national flags installed near the Kremlin in Moscow, Russia, 21 February 2025. US and Russian top diplomats held bilateral talks on Ukraine in the Saudi Arabian capital of Riyadh on 18 February, marking a reset of their countries' diplomatic relations.  EPA/YURI KOCHETKOV

Paris, 24 fev 2025 (Lusa) - A Rússia intensificou as operações de desinformação procurando influenciar a opinião pública europeia sobre a guerra na Ucrânia e as eleições para o Parlamento Europeu, segundo um relatório francês hoje divulgado.

Um relatório hoje divulgado pela organização Viginium - uma agência do Estado francês encarregado da vigilância e proteção contra ingerência informática estrangeira - revela os "modos operacionais de informação" utilizados por Moscovo para legitimar a sua "operação militar especial" e minar o apoio ocidental a Kiev.

No dia em que se assinalam os três anos da invasão russa da Ucrânia, a agência conclui que a atividade do regime russo para interferir na opinião pública europeia tem-se acentuado durante aquele período, diversificando o seu arsenal de desinformação.

Estes mecanismos de desinformação russo incluem a criação de páginas eletrónicas na Internet, em alguns casos imitando órgãos de comunicação social -- como as publicações Le Monde, Washington Post e Der Spiegel - para disseminar notícias falsas e propaganda.

O relatório da Viginum identifica vários Modos Operacionais Informacionais (MOI) russos.

Entre estes modos, a organização destaca o RRN (Reliable Recent News) - também conhecido como Doppelganger ou Ruza Flood - que utiliza uma rede de centenas de páginas eletrónicas na Internet de desinformação para disseminar notícias falsas e propaganda anti-ucraniana.

Estes 'sites' imitam as páginas de meios de comunicação como o Le Monde e o The Washington Post, bem como de instituições como a NATO e o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

Outro MOI preocupante para as autoridades europeias é o Matriochka, cujo objetivo é desacreditar os meios de comunicação e a comunidade de verificadores de factos, acusando-os de disseminar notícias falsas sobre o conflito.

O Matriochka divulga conteúdos falsos em redes sociais como a Telegram e interpela diretamente os seus alvos na X, pedindo-lhes que investiguem estes conteúdos.

O relatório também destaca a criação de novos meios de comunicação - como o Voice of Europe e o Euromore - que promovem a posição da Rússia sobre o conflito na Ucrânia e criticam o governo do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.

O dispositivo de influência russo também tem procurado amplificar falsas manifestações anti-ucranianas em várias capitais europeias, recrutando intermediários em plataformas online, procurando desacreditar a Ucrânia e a União Europeia (UE).

Apesar dos esforços da Rússia, a Viginium considera que o impacto das campanhas de desinformação tem sido limitado, devido a erros técnicos e à má qualidade dos conteúdos.

Ainda assim, para a organização francesa, a persistência e a capacidade de adaptação dos MOI russos representam um desafio constante, pressionando a UE para continuar a adotar medidas para combater a desinformação russa, incluindo o bloqueio de 'sites' e canais de comunicação, a sanção de indivíduos e organizações envolvidas em atividades de desinformação.

O relatório da Viginum revela ainda que o continente africano se tornou um novo campo de batalha da desinformação russa.

Com o isolamento da Rússia face às potências ocidentais, o regime do Presidente Vladimir Putin tem vindo a procurar novas parcerias na cena internacional, especialmente em África, onde a Viginium detetou operações informacionais que acusam as autoridades europeias de financiar grupos armados terroristas em África para desestabilizar os regimes aliados da Rússia.

 

Ricardo Jorge Pinto