Věra Jourová: Ambiente de medo e ansiedade na Europa é terreno fértil para manipulação
Lisboa, 12 abr 2024 (Lusa) – Para a vice-presidente da Comissão Europeia, há na Europa um ambiente de ansiedade e incerteza, provocado pela guerra e pelo pós-covid, que é terreno fértil para a manipulação política em ano de eleições europeias.
Em entrevista à Lusa, Věra Jourová aponta uma das ameaças ao processo eleitoral europeu: “o ambiente na sociedade”, “um estado de espírito”. De "medo, ansiedade e incerteza” devido à guerra na Ucrânia e ao pós-pandemia.
“A proximidade da guerra pode não ser sentida tão fortemente em Portugal, mas posso dizer que quanto mais para leste se vai, mais a guerra está no ar”, afirma. Jurová é comissária com a pasta dos Valores e Transparência.
Evitar medo e ansiedade nas urnas
“Nesta situação, com uma manipulação pré-eleitoral altamente profissional e intensiva, é possível chegar às urnas, quem vai efetivamente votar, com base no medo e na ansiedade”. Com “uma grande dose de emoção”. E em vez de com um “pensamento racional virado para o futuro” que tornaria as pessoas “menos alvo das promessas vãs dos partidos extremistas”.
A comissária não espera, todavia, que as sondagens que apontam para que as forças de extrema-direita consigam eleger metade dos deputados ao Parlamento Europeu se confirmem.
“Antes das eleições é sempre um pouco mais tenso que depois”. “Não terão metade. Eu diria que será muito menos”, afirma.
Contra a desinformação
Věra Jourová considera, por outro lado, que a União Europeia (EU) está hoje bem preparada para lidar com a desinformação.
A Lei dos Serviços Digitais (Digital Servisses Act) obriga as grandes plataformas digitais a “assumir responsabilidade” e impedir a divulgação de desinformação, discurso de ódio e conteúdos violentos.
Por outro lado, o Código de Conduta Contra a Desinformação envolve “um amplo conjunto de pessoas e entidades” na verificação de factos.
“Queremos que os eleitores possam fazer uma escolha. Não queremos dizer às pessoas que não acreditem, deixem-nas acreditar, mas gostaríamos que as pessoas tivessem uma escolha, e também que vissem os factos”, explica.
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