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Ucrânia: Máquina de propaganda russa é muito poderosa – Chefe da Diplomacia da UE

epa10320841 High Representative of the European Union for Foreign Affairs and Security Policy, Josep Borrell speaks during a session on the 'The impact on third countries of Russia's war of aggression against Ukraine in relation to the 'Black Sea Grain Initiative' agreement,' at the European Parliament in Strasbourg, France, 22 November 2022.  EPA/JULIEN WARNAND

Estrasburgo, França, 22 nov 2022 (Lusa) – O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, reconheceu hoje que a batalha desigual que Bruxelas trava contra a máquina de propaganda russa afeta a perceção dos países que beneficiam da sua ajuda.
Num debate no Parlamento Europeu (PE) sobre o desbloqueio de cereais ucranianos retidos pela guerra iniciada pela Rússia, Borrell reconheceu que o regime do Presidente Vladimir Putin tem conseguido criar a ideia em África de que os problemas alimentares resultam das sanções ocidentais contra Moscovo.
“A máquina de propaganda de [Vladimir] Putin é muito poderosa”, disse Borrell aos eurodeputados em Estrasburgo, França.
O Alto Representante para a Política Externa e vice-presidente da Comissão Europeia defendeu que a UE trava duas batalhas em simultâneo, a da desinformação russa produzida por uma “verdadeira indústria” e a da ajuda alimentar aos países mais necessitados.
“Penso que temos feito progressos, mas temos de manter a luta em dois campos: o combate às mentiras da Rússia e dar ajuda alimentar”, afirmou.
A guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro deste ano, bloqueou milhões de toneladas de cereais ucranianos em portos do Mar Negro.
A Rússia também viu interrompidas as suas exportações de fertilizantes e de produtos agrícolas devido às sanções que lhe foram impostas devido ao conflito.
Em conjunto, segundo a revista britânica The Economist, a Ucrânia e a Rússia forneciam, antes da guerra, 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol.
As Nações Unidas conseguiram negociar, em julho, acordos com a Rússia e a Ucrânia que permitiram retomar as exportações de cereais bloqueados nos portos ucranianos através de um corredor de segurança no Mar Negro.
O processo é coordenado pela Turquia, também parte dos acordos, através do porto de Istambul, onde os navios e carga são inspecionados por uma comissão conjunta.
Os acordos da Rússia com a ONU preveem também a criação de mecanismos para as exportações de fertilizantes.
A iniciativa Mar Negro, prolongada por 120 dias na semana passada, permitiu a saída de mais de 11 milhões de toneladas dos portos ucranianos.
Simultaneamente, segundo Josep Borrel, foi possível retirar 15 milhões de toneladas de cereais da Ucrânia por via terrestre.
Borrel disse que a operação terrestre, a que chamou “pela porta das traseiras”, tem menos impacto público do que a iniciativa do Mar Negro, apesar de ter permitido exportar mais cereais.
Referiu também que 27% dos cereais retirados da Ucrânia foram para países do Norte de África e 58% para a Ásia.
“O discurso da Rússia de que os cereais vão para a Europa não é verdade”, afirmou.
Borrel recusou ainda que a Turquia esteja a permitir à Rússia contornar as sanções da UE, mesmo não tendo acompanhado as medidas restritivas de Bruxelas contra Moscovo.
Essa colaboração poderia resultar da reexportação para a Rússia de produtos, mas Borrell disse que dados fornecidos pelas autoridades turcas não são conclusivos para sustentar essa possibilidade.
Esses dados “mostram que houve um aumento significativo nas exportações da Turquia para a Rússia, mas não um aumento significativo nas importações da Europa”, acrescentou.

*** A agência Lusa viajou para Estrasburgo a convite do Parlamento Europeu ***

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Lusa/Fim