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‘Fake news’: Investigador Evgeny Morozov defende plataformas neutras para reduzir impacto

Lisboa, 24 abr 2019 - O investigador da universidade Standford Evgeny Morozov defendeu hoje a necessidade de existirem plataformas tecnológicas "neutras", infraestruturas alternativas que não sejam baseadas na publicidade, para reduzir a velocidade das 'fake news' no mundo digital.


O bielorrusso falava no encerramento VII Fórum Jurídico na Universidade Clássica de Lisboa, subordinado ao tema "Justiça e Segurança", no âmbito do painel "Democracia, imprensa profissional e redes sociais", via Internet.


"A minha solução" para reduzir a circulação da informação falsa "não seria fazer com que empresas" como Google, Amazon ou Facebook "utilizassem mais inteligência artificial para identificar informação suspeita", mas antes "reduzir a velocidade e a força que estas informações falsas possuem", afirmou.


Ou seja, "se possível diminuindo a lógica de publicidade, temos de ter a certeza que as plataformas não têm interesse nenhum em aumentar o número dos 'posts' partilhados", salientou.


É importante, considerou, que as plataformas "sejam neutras", ou seja, sem interesse que conteúdos provocatórios ou falsos circulem com muita rapidez na rede.


"E pensar numa infraestrutura alternativa" para os media digital, foi outra ideia que apontou, salientando que, à semelhança dos meios de comunicação social tradicionais públicos, que não assentam em publicidade, pode-se avançar para um modelo semelhante no 'online'.


"Ter meios de comunicação social públicos que não se baseiem em publicidade" poderá ser uma solução, considerou Evgeny Morozov.


"Precisamos de um novo tipo de comunicação social pública", salientou, ressalvando que os problemas que os media enfrentam num mundo cada vez mais digital não são apanágio de apenas este setor.


O investigador, escritor e colunista bielorrusso apontou que as grandes empresas tecnológicas - Amazon, Facebook e Google - apostam em três grandes tendências: a extração de dados, a oferta de soluções mediante o pagamento de um determinado valor e a externalização dos seus custos.


"As grandes empresas tecnológicas extraem dados e depois monitorizam-nos", disse, numa "espécie de mercantilismo", pois os "dados desta maneira tornam-se bens".


Tal cria "incentivos perversos" e alimenta a circulação de conteúdos, nomeadamente de 'fake news' (informação falseada), onde a busca de receitas publicitárias 'online' está na ordem do dia.


Paralelamente a isso, estas 'big tech' (grandes tecnológicas, como também são designadas) criam ferramentas de inteligência artificial que visam ser utilizadas para a verificação de factos, cibersegurança, crise energética, entre outros temas, soluções que são depois comercializadas.


Ou seja, extraem dados, criam soluções e ganham dinheiro com a venda dessas ferramentas para a sociedade, e ainda obtêm "lucro fácil" com a "externalização os seus custos", explicou.


Este novo modelo de negócio exige uma resposta integrada, na sua perspetiva.



ALU // EA


Lusa/Fim