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Há tanta desinformação na sociedade sobre o Islão – Xeque David Munir

epa09400284 Kashmiri Muslim women offer Friday congregational  prayers at Jamia Masjid, the grand mosque of Srinagar, the summer capital of Indian Kashmir, 06 August 2021. The government allowed the reopening Jamia Masjid following their closure after the second wave of coronavirus but urged the people to wear masks and maintain social distancing norms.  EPA/FAROOQ KHAN

Redação, 20 ago 2021 (Lusa) -- O xeque David Munir, imã da Mesquita Central de Lisboa, sublinhou hoje que "não há versículo sagrado do Alcorão que tenha proibido (...) a mulher, muçulmana ou não muçulmana, de trabalhar".

Dirigindo-se aos fiéis presentes na Mesquita, ao início da tarde, o xeque Munir explicou que o que o Alcorão faz é definir "as responsabilidades e, ao definir as responsabilidades, não significa que o homem é superior e a mulher inferior e vice-versa".

Numa intervenção transmitida pela rede social Facebook, na qual nunca se referiu diretamente à situação no Afeganistão ou à ação dos talibãs, David Munir lamentou, também, que sobre a "Sharia", o sistema de lei islâmico que deriva do Corão e dos ensinamentos do profeta Maomé, haja "tanta desinformação na sociedade" e se ouçam comentários de "pessoas que não sabem o que é a 'Sharia'".

"As pessoas ficam cada vez mais confusas e associam somente ´Sharia' a algo negativo. ´Sharia´ é igualdade, misericórdia, é 'todos nós somos iguais', é não haver pobreza na sociedade, é cuidar do outro, é respeitar o outro", disse David Munir, acrescentando que, "infelizmente, há situações em que o Islão é atacado sob variadíssimas formas pela prática de alguns muçulmanos".

O imã da Mesquita Central de Lisboa, em jeito de crítica, afirmou ainda que "quando um muçulmano comete uma agressão, um ato de agressividade, mesmo não praticando a sua crença, coloca-se na sua testa o rótulo de muçulmano. Mas, se mesma ação for feita por um não muçulmano (...), nunca se coloca o rótulo da sua crença, mesmo que ele o faça em nome da sua crença. Dizem que sofre de perturbação, está deprimido, tudo menos a sua crença".

Apelando aos muçulmanos para que estejam informados, para que possam explicar sempre o que é o Islão, o xeque David Munir deixou claro que "cada um é responsável pelos seus atos".

"Se há um grupo muçulmano, seja de que origem for, que pratica ou diz algo contra o Islão, nós temos de estar prontos para dizer o que é na realidade o Islão", acrescentou.

Os talibãs conquistaram a capital do Afeganistão, Cabul, no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO do país.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.

Depois da tomada do poder, as forças talibãs proclamaram o Emirado Islâmico, em Cabul, tendo afirmado desde o princípio da semana que não procuram exercer atos de vingança contra os antigos inimigos e que estão dispostos para "a reconciliação nacional".

Os talibãs já disseram que há "muitas diferenças" na forma de governar, em relação ao seu período anterior no poder, entre 1996 e 2001, quando impuseram uma interpretação da lei islâmica que impediu as mulheres de trabalhar ou estudar e que puniu criminosos de delito comum com punições severas como amputações ou execuções sumárias.

 

João Luís Gomes