Auditoria indica que ferramentas de IA ocidentais divulgam desinformação russa
Lisboa, 06 mar 2025 (Lusa) -- Uma auditoria concluiu que as 10 principais ferramentas de inteligência artificial generativa (GenIA) repetiram alegações falsas disseminadas na rede pró-Kremlin Pravda, revelou na quinta-feira a NewsGuard's Reality Check.
Uma rede de desinformação chamada Pravda (verdade em português) infiltrou-se deliberadamente nos dados de 'chatbots' de IA (assistente virtual que usa inteligência artificial e programação para comunicar por texto com utilizadores), publicando falsas alegações e propaganda com o objetivo de afetar as respostas dos modelos de IA, refere a entidade em comunicado.
Segundo a NewsGuard, os principais 'chatbots' de IA repetiram narrativas falsas divulgadas pela rede Pravda em 33,55% das vezes, sendo que em 2024 foram detetados 3.600.000 artigos de propaganda russa incorporados nas ferramentas de IA ocidentais.
No total, 56 das 450 respostas geradas pelos 'chatbots' incluíram ligações diretas para alegações falsas publicadas pela rede de 'sites', aponta.
De acordo com a NewsGuard, a rede Pravda espalhou um total de 207 alegações falsas, servindo como um 'hub' central para a propagação de desinformação.
Em 2024, o Observatório Europeu de Media Digital (EDMO) identificou esta rede como fonte de desinformação russa em ascensão na União Europeia (UE), tendo sido sinalizada pela primeira vez em fevereiro de 2024 pela Viginum, uma agência do Governo francês que monitoriza campanhas de desinformação estrangeiras.
A rede Pravda foi lançada em abril de 2022, após a invasão da Ucrânia e dos 150 'sites' que compõem a rede, aproximadamente 40 são em russo e publicam sob nomes de domínio direcionados a regiões e cidades específicas da Ucrânia, cerca de 70 'sites' têm a Europa como alvo.
Da auditoria fizeram parte ferramentas de IA como o ChatGPT, MetaAI ou Gemini.
A NewsGuard's Reality Check explora notícias e a forma como a desinformação se espalha 'online' e pretende descobrir as forças que moldam as narrativas falsas disseminadas na internet.
Paulo Resendes