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Brasil suspende X após rede social não cumprir ordem de nomear representante

epaselect epa08643524 Tesla and SpaceX CEO Elon Musk gives a statement at the construction site of the Tesla Giga Factory in Gruenheide near Berlin, Germany, 03 September 2020. Musk visited the German medical company Curevac in Tuebingen on 01 September 2020. Media report Musk will meet the German Economy Minister for talks. In June 2020, the German state invested 300 million euros in the vaccine developer Curevac and received 23 percent of the company's shares in return.  EPA/ALEXANDER BECHER

São Paulo, 31 ago 2024 (Lusa) – O Brasil começou a bloquear a rede social X (antigo Twitter), tornando-a praticamente inacessível tanto na web como através de aplicações móveis.

Isto depois do dono da aplicação, o magnata sul-africano Elon Musk não ter cumprido uma ordem para nomear, no prazo de 24 horas, um representante legal da plataforma no Brasil.

Para bloquear a X, o regulador de telecomunicações do Brasil, a Anatel, disse aos fornecedores de serviços de Internet que suspendessem o acesso dos utilizadores à rede social.

A partir da meia-noite de hoje (04:00 em Lisboa), os principais operadores começaram a fazê-lo.

Na sexta-feira, antes da suspensão entrar em vigor, Musk, acusou um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil de destruir a liberdade de expressão “para fins políticos”.

“A liberdade de expressão é o alicerce da democracia e um pseudo-juiz não eleito no Brasil está a destruí-la para fins políticos”, escreveu o magnata na X.

Musk reagiu ainda à multa de 50.000 reais (cerca de oito mil euros) diários para quem usar uma rede privada virtual, conhecida como VPN, a sigla em inglês, ou um outro serviço de ocultação da localização, para aceder à X no Brasil, enquanto a rede social estiver suspensa.

“O regime opressivo no Brasil tem tanto medo de que as pessoas aprendam a verdade que levará à falência qualquer um que tente”, escreveu Musk.

O juiz do STF do Brasil Alexandre de Moraes determinou na sexta-feira a suspensão da rede social X no país, depois do magnata Elon Musk não ter cumprido uma ordem para nomear, no prazo de 24 horas, um representante legal da plataforma no Brasil.

O X estará suspenso no Brasil "até que todas as ordens judiciais proferidas nos presentes autos sejam cumpridas, as multas devidamente pagas e seja indicado, em juízo, a pessoa física ou jurídica representante em território nacional", lê-se na decisão do juiz.

A decisão surge no âmbito de uma investigação sobre a disseminação de notícias falsas em que a rede social é suspeita de ter cometido crimes de obstrução à justiça, organização criminosa e incitação ao crime.

O juiz tinha dado 24 horas para que a plataforma X nomear um representante legal no país, prazo que prazo terminou na quinta-feira, pouco depois das 20:00 horas locais.

O embate entre Alexandre de Moraes e Musk começou há meses após o juiz ter ordenado a remoção de uma série de perfis por alegada desinformação, ao qual Musk recusou, atacando o juiz e acusando-o de censura.

Alguns dos perfis pertencem a ativistas de extrema-direita e apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, que também está a ser investigado por espalhar notícias falsas, atacar as instituições democráticas e planear um golpe de Estado.

Em meados do mês, a empresa encerrou o escritório no Brasil.

 

RSF lamenta mas justifica decisão do Supremo

Os Repórteres Sem Fronteiras (RSF), organização que defende a liberdade de informação, lamentou segunda-feira a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de bloquear o acesso à rede social X no país, mas considerou que decisão foi justificada.

“Repórteres sem Fronteiras (RSF) considera lamentável o bloqueio do X, especialmente porque a plataforma é amplamente utilizada pela comunidade jornalística, mas acredita que a decisão é justificada devido à recusa contínua da plataforma em responder aos repetidos pedidos das autoridades para cumprir a lei”, escreveu um comunicado.

Segundo a organização, o papel que as redes sociais reivindicam para si na estruturação do espaço de informação “não lhes dá o direito de se comportarem de forma irresponsável”.

“A manifesta falta de vontade do X em impedir a difusão de conteúdos falsos e enganosos e a sua insuficiente cooperação com as instituições nacionais ameaçam a integridade da informação e a estabilidade das democracias”, afirma Thibaut Bruttin, diretor-geral da RSF, citado no comunicado.

Apesar de justificar a decisão do Supremo, a RSF ressaltou a necessidade do país ter uma regulamentação para esse tipo de plataforma.

“A solução definitiva para os problemas do uso abusivo das redes sociais é o fortalecimento da legislação brasileira sobre plataformas digitais. A RSF reitera o seu apelo aos legisladores brasileiros para que introduzam uma regulamentação adequada para o setor”, concluiu.

Vítor Quintã e Miguel Mâncio