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Covid-19: “Distância nas redes sociais tem de ser prioridade”

epa08269252 A Kashmiri journalist checks a social media website on his desktop inside his office in Srinagar, the summer capital of Indian Kashmir, 04 March 2020. A local news gathering agency Kashmir News Observer quoted Principal Secretary Home, Jammu and Kashmir Union Territory, Shaleen Kabra as issuing an order, according to which, curbs on social media have been lifted but the ban on the restoration of 4G internet services has been extended until 17 March 2020. The ban on social media continued in Kashmir since 5 August 2019 when Government of India abrogated Article 370 of the Indian constitution, that accorded special status to Indian Kashmir.  EPA/FAROOQ KHAN

Lisboa, 17 mar 2020 (Lusa) -- A propagação do novo coronavírus (Covid-19) envolve um risco de desinformação elevado e, por isso, "a distância social nas redes sociais tem também de ser uma prioridade", aconselham os investigadores do MediaLab ISCTE-IUL.

Uma equipa de investigadores do laboratório da universidade pública analisou a forma como os portugueses reagiram ao Covid-19 entre 12 e 15 de março, através das redes sociais e também das pesquisas 'online', tendo identificado "apropriações sociais positivas e negativas" ao longo daquele período.

No relatório, publicado hoje e a que a Lusa teve acesso, refere-se que, antes do anúncio de casos de infeção, houve "uma quase ausência de desinformação".

Porém, depois, "seguiu-se um momento de forte propagação de desinformação via WhatsApp, maioritariamente assente em áudios", registam os investigadores.

Num terceiro momento, verificou-se "a apropriação positiva das redes sociais, via grupos de Facebook, para troca de informação e organização de redes de apoio, etc.", assinalam.

Durante o período em análise, "os meios de comunicação social tornaram-se numa fonte central para alimentar com informação os grupos de Facebook de apoio e partilha de vivências de isolamento social", frisam.

"Os media destacaram-se, igualmente, através de um importante papel de dissuasão e combate à desinformação, através de processos de 'fact-checking' [verificação de factos], como no caso do 'Polígrafo'/SIC ou do 'Observador', ou via análises de contexto e boas práticas, como no caso do 'Diário de Notícias'", exemplificam.

Tal não significa que todos os meios de comunicação social tenham ficado imunes à desinformação. Por exemplo, "alguns" tomaram como válida a informação, falsa, de que os "Hotéis de Cristiano Ronaldo" seriam usados para apoiar o combate à propagação do vírus.

O MediaLab aponta as "lições" a reter durante a pandemia: "a desinformação de saúde parece assentar na passagem de falsidades associadas à credibilidade que as profissões de saúde têm na sociedade portuguesa, nomeadamente a profissão médica".

As mensagens realizadas por profissionais de saúde, reais ou falsos, "atingem dimensões de partilha virais porque, para o cidadão comum, uma mensagem partilhada no WhatsApp por um profissional de saúde assume o mesmo peso de autoridade do que aquele que ocorre numa consulta ou interação face a face", comparam.

A segunda lição é que, "se no Facebook, Twitter e Instagram pode existir moderação, e a desinformação pode ser retirada pelas redes sociais e deixar de estar disponível, tal não ocorre no WhatsApp, devido à falta de moderação", alertam.

Assim, "a melhor forma de contrariar a desinformação" é individual, "ter cautela e espírito crítico", aconselham.

"Devemos manter uma distância mental das mensagens que recebemos. Se parámos de cumprimentar com apertos de mão e beijos quem conhecemos, porque haveremos de partilhar mensagens que nos chegam só porque vêm de pessoas conhecidas?", questionam.

A utilização das redes sociais "tem consequências", sobretudo em tempos de crise. E "passar mensagens que dizem que 'tudo está descontrolado', que 'há mortos', que 'tudo vai fechar' ou outras semelhantes nada ajuda: nem o próprio, nem ninguém", avisam.

Por outro lado, as redes sociais têm tido também "apropriações positivas", por exemplo servindo para partilhar "práticas informativas de entreajuda".

Só as próximas semanas e meses poderão dizer que tendência prevalecerá, concluem os investigadores.

SBR // JPF

Lusa/Fim