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Desinformação sobre cólera provocou 121 mortos desde 2023 em Moçambique

epa07469453 Mozambican doctors and nurses cleane and prepare beds in the newly opened Unicef center of Cholera treatment in the Macurungo neighbourhood of the city of Beira, after the passage of cyclone Idai, in the province of Sofala, central Mozambique, 28 March 2019. Reports state that some 1.7 million people are said to be affected across southern Africa.  EPA/TIAGO PETINGA

Maputo, 13 abr 2024 (Lusa) - Pelo menos 121 pessoas, 98 das quais numa só circunstância, morreram devido a ondas de desinformação sobre o surto de cólera em Moçambique, de acordo com os dados oficiais tornados públicos desde outubro do ano passado.

A maior parte das vítimas, 98 pessoas, perderam a vida numa só circunstância, quando, há uma semana, um barco que saía do posto administrativo de Lungo, no distrito de Mossuril, com destino a Ilha de Moçambique, naufragou, matando 55 crianças, 34 mulheres e nove homens.

De acordo com as autoridades marítimas moçambicanas, a embarcação de pesca, na qual seguiam 130 pessoas, não estava autorizada a transportar passageiros e as pessoas fugiam de um alegado um surto de cólera, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de 100 metros da costa.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, visitou o posto administrativo de Lunga para confortar as famílias enlutadas na quinta-feira, tendo reconhecido que o naufrágio resulta “da desinformação protagonizada por pessoas com interesses obscuros”.

“Não permitam boatos”, declarou Filipe Nyusi, durante a interação com as famílias das vítimas.

Registos apontam para a existência de mais 23 pessoas que, desde outubro de 2023, perderam a vida em resultado de ondas de desinformação em temas ligados à cólera, avançou o comandante-geral da polícia moçambicana, Bernardino Rafael, no dia 17 de janeiro.

Os líderes comunitários e técnicos de saúde, na sua maioria, têm sido mortos e feridos por populares sob alegações de estarem a levar a doença às comunidades.

"A polícia foi chamada a intervir em 27 casos violentos relacionados à cólera", nos quais os líderes comunitários foram as principais vítimas, disse o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM).

Entre maio e novembro, pelo menos 16 pessoas foram detidas na província de Sofala, no centro de Moçambique, por passarem informações erróneas sobre a cólera, indicaram as autoridades.

Segundo o comandante-geral, alguns agentes da polícia moçambicana acabaram também sendo vítimas durante as escaramuças, quando tentavam garantir a ordem e segurança pública.

Segundo dados consultados pela Lusa no princípio deste mês, as autoridades sanitárias moçambicanas registaram 14.712 casos de cólera em cinco meses, que provocaram, durante o atual surto, 32 mortos.

A cólera é uma doença, tratável, que provoca fortes diarreias e que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida.

A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.

Em maio passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que mil milhões de pessoas de 43 países podem ser infetadas com a doença, apontando, já em outubro, Moçambique como um dos países de maior risco.

 

EAC // VM

Lusa/Fim