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Alemães defendem ação rápida das autoridades contra notícias falseadas

epa02285156 A woman clad in a former East German army uniform holds a former GDR flag on Pariser Platz in front of the landmark Brandenburg Gate in Berlin, Germany, 13 August 2010. Taking photos with GDR flags and GDR memorabilia is popular with Berlin tourists. This 13th of August marks the 49th anniversary of the start of the construction of the Berlin Wall in the former East Berlin in 1961.  EPA/RAINER JENSEN

Berlim, 04 fev 2019 (Lusa) -- Um estudo conduzido pela universidade alemã de Darmstadt revela que 81%, num total de 1023 inquiridos, defendem uma resposta rápida das autoridades para lidar com notícias falseadas, as chamadas "fake news".

O estudo "Perceção de notícias falsas na Alemanha: Um estudo representativo das atitudes das pessoas e abordagens para combater a desinformação" pretende responder a três perguntas: Que atitude têm as pessoas perante as "fake news"? Já viram ou já lidaram com notícias falseadas? Como avaliam possíveis abordagens para as combater?

Christian Reuter, coordenador do estudo, revelou à agência Lusa que quase metade dos entrevistados (48%) já teve contacto com notícias falseadas. No entanto, apenas um em cada quatro admitiu ter apagado ou reportado notícias falseadas, e somente 2% revelou ter criado alguma.

"As respostas mostram que a grande maioria dos participantes admite os riscos das 'fake news'. Mais de 80% concordaram que estas representam uma ameaça e que podem ser usadas para manipular a opinião da população. Mas quase o mesmo número de participantes no estudo acredita que os decisores e atores políticos também podem ser manipulados", revela o professor e investigador de Ciência e Tecnologia para a Paz e a Segurança (PEASEC) no departamento de Ciência Computacional da Universidade Técnica de Darmstadt.

A maioria dos participantes neste estudo, realizado na Alemanha, concorda com todas as formas sugeridas para lidar com notícias falseadas: 80% defendem "reações rápidas das autoridades" e 72% gostariam que fossem estabelecidos "centros de defesa de segurança informática". Obrigações por parte dos operadores ou reforço dos regulamentos penais também foram aprovados, "a quantidade de respostas neutras varia entre 14% a 21%, enquanto apenas 3 a 7% dos participantes não concordam com as abordagens sugeridas", esclarece Christian Reuter à Lusa sobre a realidade das 'fake news', a propósito da conferência que a agência e a Efe vão realizar no dia 21 de fevereiro, em Lisboa, sobre "O Combate às Fake News - Uma questão democrática".

68% dos inquiridos acreditam que as "fake news" prejudicam a democracia e 84% considera-as perigosas porque podem manipular as opiniões, mas o coordenador do estudo revela que não dispõe de dados que associem as notícias falseadas aos resultados e efeitos na política, na Alemanha.

No entanto, acrescenta Reuter, "analisámos as respostas dos entrevistados de acordo com motivos ideológicos, testando correlações com declarações que refletem as ameaças percebidas. Os entrevistados que acreditam que a globalização pode representar uma ameaça à paz na Alemanha partilham a perceção de que o fenómeno das notícias falsificadas pode ser usado como pretexto para combater os atores críticos do sistema político. Estes mesmos entrevistados mostram uma fraca ligação com a ação de criar noticias falseadas."

Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, a influência de notícias falseadas na Alemanha, é, até agora, baixa, revela o estudo da Universidade Técnica de Darmstadt. Os resultados também confirmam a tese de que pessoas mais jovens e com nível médio de educação estão mais bem informadas sobre notícias falseadas.

O departamento de Ciências e Tecnologias para a Paz e Segurança (PEASEC) da Universidade Técnica de Darmstadt promove o estudo e investigação de tecnologias interativas e cooperativas como as redes sociais nos contextos de segurança, conflito, crise ou catástrofe.

As notícias falseadas, comummente conhecidas por 'fake news', desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o 'Brexit' no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.

O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas europeias de maio.

 

Joana Sousa Dias