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“É da responsabilidade de todos lutar contra a desinformação” – Madhav Chinnappa

epa08048172 A  picture made with a fisheye lens shows the Google logo in Singapore, 06 December 2019. Google has banned political advertising in Singapore, as they are regulated under the Protection from Online Falsehoods and Manipulation Act (POFMA), widely known as the 'fake news' law. Opposition politicians have decried the move ahead of an election expected early next year as Singapore's media election coverage is 'totally dominated by the state' and that they would lose the ability to 'inform and educate' voters without Google's advertising platforms.  EPA/WALLACE WOON

 

Lisboa, 31 out 2020 (Lusa) - O diretor de desenvolvimento do ecossistema de notícias da Google, Madhav Chinnappa, considerou, em entrevista à Lusa, que o combate à desinformação "é responsabilidade de todos" e defendeu a literacia mediática como uma das armas.

"É responsabilidade de todos lutar contra a desinformação", afirmou Madhav Chinnappa, que trabalha em parcerias e colaboração entre a Google e a indústria de media como parte da Google News Initiative (GNI).

"Da perspetiva da Google há três áreas: uma é o que fazemos na superfície, e isso é sobre as coisas que fazemos, como verificação de factos e fontes fiáveis. A segunda é o que fazemos com o ecossistema", prosseguiu, recordando que Google.org, através da GNI, já financiou "mais de 10 milhões de dólares" para ajudar a combater a desinformação.

"Também trabalhamos com padrões para garantir que as organizações de verificação de factos estão a fazer isso de forma a que todos possam beneficiar", disse.

E há uma terceira parte, apontou, que tem a ver com a literacia mediática.

"Acho que esta parte não é suficientemente falada", acrescentou Chinnappa, que tem duas filhas em idade escolar.

"No Reino Unido ensinam as crianças a estarem seguras 'online'. A literacia mediática também envolve ensinar as pessoas a serem inteligentes 'online", salientou Madhav Chinnappa.

Mas a literacia mediática não se coloca apenas aos mais pequenos, já que os adultos partilham desinformação, sem terem a capacidade de destrinçar o que é verdadeiro ou falso.

"Todos temos o mesmo problema, quer seja o tio maluco ou o teu filho. Para mim, essa é a parte educacional", afirmou.

"Temos vindo a trabalhar com as organizações de literacia mediática [...]. Sei que não temos as respostas, ouvimos as pessoas e elas dizem é que é preciso ser incluído no currículo, na escola. E também é preciso trabalhar com o público mais velho para garantir que são educadas" nesta matéria.

"Quando comecei [a trabalhar] na AP [Associated Press] foi-me ensinada uma regra simples, que foi reforçada quando entrei na BBC: duas fontes", referiu.

Ou seja, "quando alguém te diz algo, precisas de duas fontes para verificar" a informação. E acho que o que aconteceu com o tempo é que se tem de ter cuidado em verificar essas duas fontes porque se elas estão dependentes de uma fonte, não são fontes".

Este é um exercício que Madhav Chinnappa pratica com a sua família e filhas.

"Frequentemente, com a minha família e as minhas filhas faço apenas perguntas simples como qual é a fonte disso? Verificaste?", exemplificou.

Uma das coisas que a Google tem registado, disse, é que as pessoas utilizam muitas vezes este motor de pesquisa para verificar os factos.

E verificar se a informação é verdadeira "é bom", sublinhou, considerando que tal deveria ser um hábito.

"É assim que deve ser, tal como tirar o leite do frigorífico e verificar que está dentro do prazo" de validade, comparou o responsável.

Por isso, "quando tiver uma informação, verifique a fonte", aconselhou.

Madhav Chinnappa começou a trabalhar na Google em 2010 para a Google News & Magazines na região da Europa, Médio Oriente e África, tendo trabalhado na indústria dos media desde 1994 - primeiro integrando a equipa que lançou a Associated Press Television (APTV), passando ainda pela BBC News, onde esteve cerca de nove anos.

 

Alexandra Luís