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Fake News: O que sobreviverá é a informação partilhada nas redes sociais – Paulo Pena

Lisboa, 15 abr 2019 (Lusa) -- O jornalista do Diário de Notícias Paulo Pena considerou hoje não haver um modelo de negócio para o jornalismo atualmente, defendendo que o que vai sobreviver é a informação partilhada nas redes sociais.


"Não há nenhum modelo de negócio conhecido para o jornalismo. O que vai sobreviver é o viral [a informação partilhada nas redes-sociais]", realçou Paulo Pena na conferência "Informação e Desinformação na Era Digital", na Assembleia da República, adiantando que poderá ser um problema democrático.


Para o jornalista, o parlamento deveria pensar em métodos de valorizar a informação como um bem público e essencial, como benefícios fiscais aos órgãos de comunicação social, dedução de impostos, apoio ao jornalismo de investigação ou oferta de assinaturas aos jovens que entram nas universidades.


No painel sobre desinformação, direitos fundamentais e democracia, Paulo Pena sublinhou também que a desinformação já mudou a forma como são realizados os debates, recordando que nas redes sociais não existem regras.


"A desinformação já mudou a forma como debatemos. Essas regras 'online' não existem. Em Portugal, não temos leis que impeçam a criação de 'sites', a discriminação de ódio, e o racismo", disse Paulo Pena, que tem trabalhado desde outubro de 2018 sobre a desinformação e as 'Fake News'.


Paulo Pena declarou ainda que o jornalismo português vive num período crítico e que é um problema sério que os jornalistas devem debater.


"É um problema sério. Não confundamos mau jornalismo com desinformação. Deve ser combatido pelos reguladores", afirmou.


Por seu lado, a jornalista Diana Andringa apontou a "futebolização política", pedindo a aprovação de códigos de conduta para os média.


"Aprovem códigos de conduta. Deve evitar-se a futebolização e o 'infotainment' da política", frisou, declarando que a mesma "não deve ser discutida como se fosse um Benfica-Sporting".


Diana Andringa considerou que os jornalistas devem ser protegidos, defendendo que não devem ser precários e não devem violar o Código Deontológico.


"Os jornalistas não são robôs, mas são precários. Os jornalistas não devem ser precários", anotou, referindo que "sendo precários é normal que seja violado o Código Deontológico".


De acordo com o investigador Vania Baldi, do Observatório da Comunicação (OberCom), em Portugal há uma grande confiança nos média tradicionais, considerando ser uma exceção na Europa.


"Portugal é uma exceção no panorama continental. Temos um curto circuito de populismo, de ciberpopulismo, qualquer 'storytelling' tem possibilidade de habitar no espaço público 'online'. Em Portugal há grande confiança nos média tradicionais. O teor das conversas é mais promissor que em outros países", sublinhou.


As 'fake news', comummente conhecidas por notícias falsas, desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o 'Brexit' no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.


O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas Europeias de maio e, em 25 de outubro de 2018, aprovou uma resolução na qual defende medidas para reforçar a proteção dos dados pessoais nas redes sociais e combater a manipulação das eleições, após o escândalo do abuso de dados pessoais de milhões de cidadãos europeus.



JML(ARP) // EA


Lusa/Fim