Presidente de associação de jornalistas de Macau alerta para risco associado ao combate

Macau, China, 17 mar 2019 (Lusa) - O presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM), José Carlos Matias, alerta para o risco do poder reforçar os mecanismos de controlo no âmbito do combate às 'fake news'.
"É importante evitar que o combate às 'fake news' seja usado pelo poder como motivo para aumentar mecanismos de controlo numa cidade e sociedade como esta", defende o jornalista e professor universitário, que reside e trabalha em Macau.
"A educação e a autorregulação são, por isso, a melhor forma de abordar o problema", sublinha, em declarações à agência Lusa, explicando que essa batalha não deve ser feita com a criação de entidades de regulação "sem garantias de independência".
José Carlos Matias entende que este é um fenómeno de pouca expressão em Macau, mas admite que "apesar da solidez e qualidade" de muitos dos jornalistas que trabalham no território, "o nível de profissionalização e de debate ético e deontológico está ainda aquém das exigências de um mundo em que proliferam as chamadas 'fake news'".
Razão pela qual, sustenta, "é importante promover mais essa cultura deontológica e ética entre jornalistas das diferentes línguas - chinesa, inglesa e portuguesa".
Além disso, refere, é também "importante que a cultura e os instrumentos de verificação estejam disseminados entre jornalistas e cidadãos" para que seja possível "aprender a identificar 'fake news', desconstruí-las e combatê-las".
As 'fake news', comummente conhecidas por notícias falsas, desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o 'Brexit' no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.
O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas europeias de maio e, em 25 de outubro de 2018, aprovou uma resolução na qual defende medidas para reforçar a proteção dos dados pessoais nas redes sociais e combater a manipulação das eleições, após o escândalo do abuso de dados pessoais de milhões de cidadãos europeus.
João Carreira