Público deve saber que existem porque desestabilizam países

Lisboa, 21 fev 2019 (Lusa) -- O professor universitário e ex-jornalista norte-americano Walter Dean defendeu hoje, em Lisboa, que as 'fake news' mudam eleições, como aconteceu nos Estados Unidos, e as pessoas devem saber que existem porque desestabilizam os países.
"O público deve levar a sério as 'fake news'", afirmou à agência Lusa Walter Dean, atualmente professor convidado na Universidade Nova de Lisboa, que tem estudado o tema das "notícias falsificadas".
Durante uma conferência sobre o combate à desinformação que a Lusa organiza hoje, em Lisboa, em parceria com a agência espanhola EFE, o especialista citou investigações recentes que concluíram que os russos "desestabilizam democracias, confundindo assuntos" ou criando confusões que levam as pessoas a pensar "quais são os factos" ou se devem confiar nas instituições governamentais.
"Acho que o principal é que as pessoas têm de prestar atenção às 'fake news'", disse, sublinhando a dimensão que as falsas informações alcançam nas redes sociais.
O aspeto político é atualmente, para Walter Dean, o ponto crítico, com os países a transformarem a informação num campo de batalha, uma guerra por ideias, pela consciencialização pública.
"Começaram a usar a informação em propaganda para alcançar prioridades nacionais e se pretendem criar confusão ou desestabilizar é isso que vão tentar fazer. E isso pode mudar a forma como os países funcionam", disse.
Confessando um interesse especial por Portugal, por ser uma democracia "relativamente jovem", Walter Dean afirmou que está a tentar perceber a relação entre cidadãos e instituições governamentais.
"Um dos principais desafios é como reagem a 'fake news'. Por um lado, têm de proteger a liberdade de expressão e, por outro, têm de proteger a qualidade da informação que os eleitores usam para tomarem boas decisões sobre a governação", declarou.
"A internet torna isso mais difícil, porque há ali tanta informação e tão disponível. Qualquer um pode agora publicar e editar, passando informação a outras pessoas. Pode isto ser regulado, deve ser regulado?", questionou.
Para Dean, estas são questões "muito importantes", não unicamente para Portugal. "Mas é reconfortante ver que há pessoas inteligentes em Portugal a tentar resolver isso", disse.
O ponto de partida, preconizou, é reconhecer que as falsas notícias existem, que é importante discutir a questão e pensar numa resposta.
Ana Henriques (texto) e Tiago Petinga (foto)