Verificação de factos e explicações sobre fenómeno na internet

Lisboa, 03 mar 2019 (Lusa) -- A agência Lusa compilou uma lista de hiperligações para páginas que trabalham a verificação de factos e informações veiculadas na internet e redes sociais, além de 'sites' e vídeos que explicam o fenómeno da desinformação.
As notícias falsas, comummente conhecidas por 'fake news', desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o 'Brexit' no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.
A Lusa está a desenvolver um trabalho sobre 'fake news', tema de uma conferência já realizada em 21 de fevereiro, em Lisboa, e organizada pelas duas agências noticiosas de Portugal e Espanha, Lusa e Efe, com o título "O Combate às 'Fake News' - Uma questão democrática".
www.combatefakenews.lusa.pt
A agência Lusa criou um 'site' relacionado com o tema da desinformação, para explicar o que são as 'fake news' e como se combatem, pela ótica dos diretores de informação de vários órgãos de comunicação social portugueses e da lusofonia, e também políticos portugueses.
Neste 'site', que será alimentado com toda a atualidade sobre o tema ao longo do ano, também estão disponíveis entrevistas a diretores de orgãos de comunicação social portugueses, académicos, políticos e responsáveis por projetos relacionados.
www.poligrafo.sapo.pt
O Polígrafo é a primeira plataforma portuguesa dedicada exclusivamente à verificação do discurso dos políticos portugueses e à autenticidade das alegadas notícias que circulam pelas redes sociais.
Este jornal utiliza um "medidor da verdade", que é utilizado para classificar o grau de veracidade de uma informação, e fornece contexto para todos os casos.
A verificações de factos dividem-se entre sete editorias -- política, sociedade, economia, desporto, internacional, cinema/tv e música.
http://edition.cnn.com/interactive/2019/01/business/pentagons-race-against-deepfakes/?utm_source=Sailthru&utm_medium=email&utm_campaign=EBB%2029.01.19&utm_term=Editorial%20-%20Early%20Bird%20Brief
'Deepfake' é uma página na internet criada pela cadeia de televisão americana CNN que disponibiliza uma experiência interativa para explicar o que é uma 'deepfake', ou seja, a manipulação de vídeos com o objetivo de disseminar conteúdo falso.
Além de explicar o que são as 'deepfakes', este 'site' recorre a testemunhos de investigadores que explicam como se manipula as imagens, quais os efeitos que poderá ter, ensina a distinguir vídeos falsos dos verdadeiros, e testa a capacidade de deteção de mentiras dos utilizadores.
www.poynter.org
O Instituto Poynter de Estudos de Media -- uma escola de jornalismo norte-americana que se define como protetora da "liberdade de expressão, diálogo civil e jornalismo convincente que ajuda os cidadãos a participar em democracias saudáveis" -- vai organizar a sexta edição de uma cimeira sobre verificação de factos, em junho deste ano, na Cidade do Cabo, na África do Sul.
A conferência -- organizada em conjunto com a "Africa Check" -- vai debruçar-se sobre questões como o "impacto e alcance da verificação de factos", a desinformação em diferentes plataformas, ou novos formatos de averiguar a autenticidade de uma alegada notícia, segundo dados na página oficial do Instituto Poynter.
De acordo com informação disponível na página da instituição, o certame jornalístico vai juntar "verificadores de factos, jornalistas, académicos e representantes de plataformas tecnológicas, além de outros profissionais e estudantes".
Outras informações que a página fornece sobre o tema:
www.poynter.org/fact-checking/2019/a-guide-to-anti-misinformation-actions-around-the-world/,
www.poynter.org/news/fact-checking/ e
www.poynter.org/fact-checking/2018/ive-reported-on-misinformation-for-more-than-a-year-heres-what-ive-learned/
https://www.poynter.org/ifcn/anti-misinformation-actions/
Daniel Funke publicou um artigo no Instituto Poynter com o objetivo de servir de guia para entender que ações estão a ser tomadas pelos diferentes países para combater o fenómeno da desinformação.
Literacia sobre os media, legislação e investigação são algumas das formas utilizadas para mitigar o fenómeno das 'fake news', em diferentes países, e que estão descritos nesta publicação.
www.politifact.com
Esta ferramenta, que pertence ao Instituto Poynter para Estudos de Media, tem como objetivo "dar aos cidadãos a informação que precisam para que se possam governar em democracia", através da verificação de notícias sobre política.
A "Politifact" classifica a precisão das declarações dos políticos norte-americanos e venceu em 2009, o prémio Pulitzer para Cobertura Nacional sobre as eleições presidenciais norte-americanas de 2008, recorrendo a um "medidor da verdade" das informações que circulavam.
https://africacheck.org/
'Africa Check' é um sítio da Internet que verifica a veracidade de alegadas notícias em território africano.
A instituição, que se define como "uma organização não partidária que existe para promover precisão e honestidade ao debate público e aos média em África", de acordo com a informação disponível no 'site', permite aos utilizadores pedir a verificação de informação.
https://www.cnet.com/news/microsofts-edge-browser-warns-you-about-fake-news/
O 'NewsGuard', um 'plug-in' da aplicação para telemóveis do navegador da Internet 'Edge' - da norte-americana Microsoft -- fornece informações sobre a credibilidade das páginas visitadas.
Esta ferramenta baseia-se em vários critérios para classificar os 'sites, como, por exemplo, a publicação sucessiva de conteúdos falsos, métodos de recolha da informação disponibilizada e informação sobre a propriedade do sítio.
O navegador de Internet está disponível na 'App Store' da Apple e na 'Play Store' da Google.
www.bellingcat.com
A plataforma digital "bellingcat" é especializada em jornalismo de investigação que tenha por base a internet.
Este 'site' foi responsável pela descoberta da utilização do agente nervoso "novichok" para envenenar o antigo agente russo Sergei Skripal e a filha, Yulia Skripal, em 04 de março de 2018, no Reino Unido.
www.snopes.com
"Snopes" é a "maior e mais antiga" página de verificação de factos na internet, segundo a informação presente na descrição do 'site'.
A plataforma - que foi criada em 1994 e começou por investigar "lendas urbanas, embustes e folclore" - verifica a veracidade de informações que circulam pelas redes sociais e vários agregadores de notícias.
www.chequeado.com
Um 'site' argentino que analisa o discurso público com o objetivo de fortalecer a democracia através do direito à informação e verificação do discurso público como ferramentas para enriquecer o debate".
Este projeto da Fundação "La Voz Pública" divide a página em verificações de factos, explicadores, mitos, informações a circular nas redes sociais que foram comprovadas como falsas e investigações.
www.projetocomprova.com.br
O projeto "Comprova" foi criado por jornalistas de 24 órgãos de comunicação social brasileiros, com o propósito de investigar e verificar as informações veiculadas durante a campanha presidencial de 2018.
O 'site' fechou atividade em 30 de outubro de 2018, uma vez que o objetivo desta iniciativa era averiguar a veracidade das informações que circulavam em redes sociais como o 'Facebook' ou o 'WhatsApp".
Na página ainda é possível ver a verificação feita pelos jornalistas e que tipo de informações falsas se propagaram durante a campanha que culminou com a eleição de Jair Bolsonaro.
http://www.europarl.europa.eu/thinktank/pt/search.html?word=fake+news
O 'link' direciona para vários artigos do Parlamento Europeu (PE) relacionados com 'fake news'.
De acordo com uma consulta feita pela agência Lusa em 17 de janeiro de 2019 a este 'site', o PE tinha, aquela data, 156 publicações relacionadas com a desinformação, entre sínteses, 'briefings', estudos e análises aprofundadas sobre o tema.
https://ec.europa.eu/digital-single-market/en/news/final-report-high-level-expert-group-fake-news-and-online-disinformation
A Comissão Europeia (CE) criou em janeiro de 2018 um grupo de trabalho com vista à criação de medidas para mitigar o fenómeno das 'fake news'.
O 'link' dá acesso a um resumo sobre o relatório final redigido por este grupo, mas também pode ser consultado o relatório na íntegra.
https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/risj-review/measuring-reach-fake-news-and-online-disinformation-europe
O Instituto Reuters publicou um estudo sobre o alcance das 'fake news' e a propagação nos países europeus.
Nesta página é possível encontrar os resultados do estudo elaborado por quatro investigadores da instituição, sendo também possível consultar o estudo na íntegra.
O relatório demonstra que as pessoas ainda consultam durante mais tempo os órgãos de comunicação social de referência, ao invés de se informarem exclusivamente por 'sites' de 'fake news'.
https://www.nytimes.com/2019/01/19/opinion/sunday/fake-news.html
Os psicólogos Gordon Pennycook e David Rand escreveram um artigo de opinião no diário norte-americano The New York Times, sobre as razões que levam as pessoas a tomar as 'fake news' como informações verdadeiras.
O artigo, de 19 de janeiro deste ano, aborda duas perspetivas que dividem investigadores das áreas sociais e psicólogos.
https://edition.cnn.com/2019/01/21/opinions/big-tech-fake-war-fake-news-opinion-intl/index.html
Brett Bruen, antigo diretor de Envolvimento Global do executivo do ex-Presidente norte-americano, Barack Obama, escreveu um artigo de opinião em 21 de janeiro de 2019 sobre a "falsa guerra das empresas tecnológicas às 'fake news'".
O autor do texto faz uma retrospetiva à disseminação de conteúdos falsos entre novembro de 2016 -- período da última eleição presidencial nos Estados Unidos da América -- e o final de 2018.
https://www.washingtonpost.com/national/nothing-on-this-page-is-real-how-lies-become-truth-in-online-america/2018/11/17/edd44cc8-e85a-11e8-bbdb-72fdbf9d4fed_story.html?noredirect=on&utm_term=.8be116a7a117
"'Nothing on this page is real': How lies become truth in online América" é um artigo escrito por Eli Saslow, no diário norte-americano The Washington Post, em 17 de novembro de 2018, que explora o modo como as 'fake news' se espalharam pela comunidade 'online' dos Estados Unidos.
Entre os exemplos explorados pela jornalista, há o de uma pessoa que criou um 'site' de notícias falsas durante a campanha para as eleições presidenciais de 2016, e que criou, consequentemente, perfis falsos nas redes sociais para disseminar informações falsas.
O artigo também oferece a perspetiva das pessoas que recorrem à rede social 'Facebook' como fonte principal para obter notícias, e os riscos associados a essa prática.
https://www.washingtonpost.com/graphics/politics/trump-claims-database/?utm_term=.52b2d65c8abb
O diário norte-americano The Washington Post criou uma base de dados sobre as declarações do Presidente Donald Trump desde o início do mandato.
Esta página procede, depois, à verificação das alegações feitas pelo chefe de Estado norte-americano.
De acordo com uma consulta feita pela agência Lusa em 14 de fevereiro, a última atualização desta plataforma foi em 03 de fevereiro deste ano.
https://www.cam.ac.uk/research/news/brexit-and-trump-voters-more-likely-to-believe-in-conspiracy-theories-survey-study-shows
Este estudo, realizado pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, faz uma correlação entre as eleições presidenciais norte-americanas de 2016, que resultaram na eleição de Donald Trump, e o referendo que ditou o início da saída do Reino Unido da União Europeia.
O artigo, que faz parte de uma investigação alargada, explica que os eleitores que votaram favoravelmente em ambos os casos são mais suscetíveis a acreditar em teorias da conspiração, podendo, por isso, ser mais facilmente enganados por 'fake news'.
https://www.youtube.com/watch?v=ZDcMJPw3e28
O canal de YouTube "David Pakman Show" explica, neste vídeo, um estudo feito pelo Politifact sobre a veracidade das declarações feitas pelos jornalistas e comentadores do canal de televisão Fox News.
O vídeo explicita também as conclusões desta investigação, que afirma que metade das afirmações feitas durante a emissão do canal de televisão norte-americano são falsas.
O estudo pode ainda ser consultado através do endereço: https://www.politifact.com/punditfact/tv/fox/
https://www.youtube.com/watch?v=FOZ0irgLwxU
"O que são 'Fake News'" é uma explicação do fenómeno da desinformação de uma perspetiva pouco explorada no cenário norte-americano, explicando que a Fox News não é o único órgão de comunicação social norte-americano que pode enviesar informação e desinformar.
Explicado pelo escritor Andrew Klavan, o vídeo também refere que a identificação com um partido político nos Estados Unidos da América pode influenciar o trabalho dos jornalistas, que podem "transformar qualquer história, quer seja verdadeira ou não, em 'fake news'".
https://www.youtube.com/watch?v=UfTUdOtRrwo
A cadeia de televisão britânica BBC explica em menos de 25 minutos a entrada na "era das 'fake news'" através da disseminação das redes sociais, recorrendo a entrevistas com pessoas que as criam e especialistas que comentam os efeitos que poderá ter.
O documentário explica também que a propagação das 'fake news' tem, por vezes, motivações financeiras, além das intenções de espalhar conteúdo falso.
https://www.youtube.com/watch?v=498mNrFLQ00
Neste excerto de um noticiário indiano, é possível ver uma peça televisiva sobre um episódio que aconteceu durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, no qual a diplomata da Missão Permanente da Índia nas Nações Unidas, Paulomi Tripathi, identifica uma fotografia utilizada pela Representante Permanente do Paquistão, Maleeha Lodhi, que mostra uma rapariga ensanguentada que, alegadamente, seria o "rosto da democracia indiana".
Paulomi Tripathi explicou que a imagem tinha sido manipulada, e que, na realidade, se tratava de uma fotografia tirada em Gaza, na Palestina, e que tinha sido publicada no The New York Times.
O vídeo demonstra que o fenómeno da desinformação também pode chegar à Organização Geral das Nações Unidas.
https://www.youtube.com/watch?v=zPMIlLCXggU
O investigador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla inglesa) Noam Chomsky perspetiva neste vídeo o fenómeno da desinformação e o modo como se espalhou pelo mundo.
O linguista, filósofo e comentador norte-americano também explica a importância dos órgãos de comunicação social, como o diário The New York Times, na construção da História, pela forma como as notícias podem ser moldadas.
André Campos Ferrão (texto) e Mário Cruz (foto)