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Governo brasileiro canaliza para publicidade institucional 14,4 ME destinados a famílias pobres

Brasília, 04 jun 2020 (Lusa) - O Governo brasileiro transferiu hoje cerca de 83,9 milhões de reais (14,4 milhões de euros) previstos para o Bolsa Família, programa destinado a famílias pobres, para aumentar a sua comunicação institucional.


A medida consta numa portaria publicada hoje em Diário oficial da União e é assinada pelo secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, "abrindo ao Orçamento Fiscal da União, em favor da Presidência da República, um crédito suplementar no valor de 83,9 milhões de reais".


Segundo a imprensa local, a medida atinge os recursos previstos para a região nordeste do país e causou críticas no Congresso, por ocorrer durante a pandemia do novo coronavírus, quando muitas famílias pobres estão sem qualquer fonte de rendimento.


A verba será utilizada para comunicação institucional, ou seja, para publicidade das ações do atual Governo, liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro.


O Bolsa Família é um programa social que foi criado em 2004, durante a gestão do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que hoje chega a cerca de 14 milhões de famílias pobres.


Segundo uma reportagem publicada no início deste mês pelo jornal Folha de S.Paulo, mais de 430 mil pedidos para o Bolsa Família ficaram em espera entre abril e maio.


Após a portaria do Governo ter sido publicada pela imprensa local, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência brasileira usou a rede social Twitter para informar o valor que o executivo destinou ao Bolsa Família.


"Imprensa diz: 'Governo retirou 83,9 milhões do Bolsa Família'. Vamos ver quanto o Governo colocou no programa: 2019: 33,6 mil milhões de reais (5,7 mil milhões de euros), ou seja, quatro mil milhões de reais (690 milhões de euros) a mais do que em 2018", indicou a Secretaria.


A publicação apontou ainda que, este ano, foram pagos "15,1 mil milhões de reais (2,6 mil milhões de euros) a mais, em abril e maio", através do auxílio do Governo a pessoas com baixos rendimentos durante a covid-19.


Já Jair Bolsonaro usou a sua transmissão em vídeo semanal na rede social Facebook para criticar a imprensa por partilhar "mentiras", numa referência à portaria publicada em Diário Oficial da União.


Segundo a imprensa local, a Secom já havia aumentado para 17,8 milhões de reais (cerca de três milhões de euros) as suas despesas com publicidade durante a pandemia do novo coronavírus.


Vários parlamentares brasileiros usaram as redes sociais para criticar o direcionamento de verbas destinadas a famílias pobres para estratégias de comunicação.


"Bolsonaro retira 83 milhões de reais do Bolsa Família e transfere para comunicação do Governo, exatamente para a Secom, envolvida nas denúncias de financiamento de 'sites/blogues' que espalham notícias falsas. Retira comida da boca de famílias pobres, no momento em que a fome se alastra. Bolsonaro genocida", escreveu a deputada Perpétua Almeida, do Partido Comunista do Brasil.


"A transferência de 83,9 milhões de reais do Bolsa Família para comunicação do Governo, no momento em que famílias passam fome em função da pandemia e da crise económica, é grave e precisa ser revista! A ação será discutida ainda hoje com os membros da Comissão Especial do Bolsa Família", indicou a deputada Flávia Arruda, do Partido Liberal.


O Governo de Jair Bolsonaro publicou milhões de anúncios oficiais em 'sites' investigados por divulgar notícias falsas, segundo um relatório parlamentar divulgado na quarta-feira.


"Entre eles estão portais que espalham notícias falsas, oferecem investimentos ilegais e aplicações de conteúdo pornográfico", referiu o relatório preparado por uma comissão parlamentar que investiga a disseminação das chamadas notícias falsas.


Segundo o documento revelado pelo jornal O Globo, foram identificados 843 canais que os consultores da comissão parlamentar consideraram inadequados para transmitir propaganda oficial e paga com recursos públicos da Secom.



MYMM (CYR) // SR


Lusa/Fim