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Joe Burton: ‘Corrida’ a inteligência artificial aumenta risco de desinformação em eleições

epa11077118 A person walks in front of a screen displaying artificial intelligence (AI) generated artwork by Turkish-American media artist Refik Anadol inside the Congress Center on the eve of the 54th annual meeting of the World Economic Forum (WEF) in Davos, Switzerland, 14 January 2024. The meeting brings together entrepreneurs, scientists, corporate and political leaders in Davos under the topic 'Rebuilding Trust' from 15 to 19 January.  EPA/LAURENT GILLIERON

Londres, 25 mar 2024 (Lusa) - O especialista em conflitos cibernéticos e tecnologias emergentes Joe Burton alertou hoje para o lançamento apressado de soluções como grandes modelos de linguagem, de inteligência artificial generativa, que podem ser usados para desinformação, pondo em risco processos eleitorais.

O professor de Segurança Internacional da universidade britânica de Lancaster referiu que os grandes modelos de linguagem [Large Language Models em inglês, também designados pela sigla LLM] são usados como uma ferramenta de desinformação.

A mais conhecida destas soluções de inteligência artificial generativa é o ‘chatbot’ ChatGPT da norte-americana OpenAI, lançado em 2022, mas entretanto a Google lançou um produto equivalente, chamado Gemini (antigo Bard) e a Anthropic, financiada pela Amazon, introduziu o Claude.

"Os imperativos comerciais, a necessidade de vencer os concorrentes através do lançamento destes produtos, estão a sobrepor-se às preocupações de segurança”, lamentou Burton durante a conferência "Eleições legislativas: Qual a dimensão da ameaça que a IA e a desinformação representam para as eleições de 2024?” realizada hoje em Londres.

O académico alertou que "esta combinação de adversários determinados, a evolução tecnológica, a falta de atenção à segurança no setor empresarial vai juntar-se para criar um risco ainda maior e mais elevado para os nossos processos eleitorais”.

Burton explicou que o uso de inteligência artificial (IA) pela Rússia ou China para influenciar eleições pode não ser necessariamente através de um apoio a um candidato específico, mas como uma forma de "enfraquecer a democracia para semear desconfiança e discórdia”.

“A IA e os algoritmos podem ser usados em torno de temas catalisadores, como tensões raciais ou étnicas, a Palestina, a guerra na Ucrânia”, funcionando como "rastilhos para semear discórdia e divisão dentro dos nossos sistemas políticos”, disse no evento organizado pelo Institute for Government.

Para o diretor executivo do verificador britânico Full Fact, Chris Morris, o problema é que a IA generativa "impulsiona tudo, tanto em termos de velocidade como em termos de escala, e o que está a fazer é revolucionar a criação, a produção e a distribuição da informação”.

Com a evolução desta tecnologia, a distinção entre vídeos e áudios verdadeiros e falsos é cada vez mais difícil, como aconteceu recentemente no Reino Unido com dois sons ‘deepfake’ do presidente da Câmara Municipal de Londres, Sadiq Khan, e do líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer.

Em relação às eleições legislativas previstas para o fim do ano, Morris, ex-jornalista da BBC, sugeriu que um desafio será o risco de as pessoas se "esforçarem tanto para detetar as falsificações que se esquecem de se concentrar no que os políticos realmente dizem”.

O diretor do Full Fact sublinhou que a IA também representa uma oportunidade, e que a instituição criou ferramentas automatizadas de verificação de factos nos últimos anos para combater a desinformação.

 

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Lusa/fim