Moçambique/Eleições: Mondlane fala de 12 detidos nos confrontos com a polícia em Nampula
Beira, 17 out 2024 (Lusa) -- O candidato presidencial Venâncio Mondlane disse hoje que 12 jovens foram detidos nos confrontos, na quarta-feira, em Nampula, entre a Polícia moçambicana e os seus simpatizantes.
"Temos 12 jovens privados de liberdade, sem nenhuma razão de ser", declarou à comunicação social Venâncio Mondlane, no Aeroporto da Beira, em Sofala, minutos após a sua chegada àquela província do centro de Moçambique.
Na manhã de quarta-feira, a polícia moçambicana dispersou, em Nampula, com recurso a gás lacrimogéneo, uma concentração de centenas de apoiantes de Venâncio Mondlane, que se encontrava na cidade.
Em conferência de imprensa realizada no mesmo dia, o diretor da Ordem e Segurança Pública da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, Gilberto Inguane, falou da detenção de pelo menos quatro pessoas, considerando que a confusão começou quando os simpatizantes do Podemos, partido que apoio a candidatura de Mondlane, tentaram usar uma rota contrária à indicada pelas autoridades, que passava pela academia militar.
Mondlane nega que o seu grupo tenha ignorado as orientações das autoridades e acusa a polícia de ter começado a disparar contra os seus simpatizantes, mas admite que entre os jovens que o acompanhavam houve "muito nervosismo".
"Houve, de facto, muito nervosismo dos jovens. Eu concordo (...) Como é possível uma polícia que vem connosco coordenando harmoniosamente e, de repente, começa a disparar contra as pessoas? Os jovens começaram a pegar em pedras porque estavam, de facto, a não compreender", declarou Mondlane, que acusa as autoridades de terem usado balas verdadeiras durante os confrontos, que provocaram feridos.
O político moçambicano disse ainda que já contactou a Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchili, pedindo a sua atenção para a "detenção sem fundamento legal" dos 12 jovens.
"Houve muito nervosismo e, como se não bastasse, foram buscar outras unidades da polícia antimotim (...), vieram com tanque de jato de água, vieram com gás lacrimogéneo", declarou.
As comissões distritais e provinciais de eleições já concluíram o apuramento da votação das eleições gerais de 09 de outubro, que segundo os anúncios públicos dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos, embora Venâncio Mondlane conteste esses resultados, alegando com os dados das atas e editais originais da votação, que recolhe em todo o país.
Mondlane, que já convocou os moçambicanos para uma paralisação geral na segunda-feira face à alegada fraude, garantiu hoje, na Beira, que após o anúncio dos resultados das eleições gerais vai recorrer ao Conselho Constitucional.
Na Beira, o candidato presidencial apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos, voltou a queixar-se de intimidação, depois de na terça-feira a Procuradoria-Geral da República o ter avisado para se abster de "agitação social e incitação à violência", assinalando que o político cometeu o crime de desobediência ao declarar-se vencedor nas eleições gerais.
"A intimação resulta da reiterada onda de agitação social, desobediência pública, desrespeito aos órgãos do Estado e incitação e desinformação perpetrada pelo candidato a Presidente da República senhor Venâncio António Bila Mondlane, nos comícios, redes sociais e demais plataformas digitais", refere a PGR, em comunicado.
A CNE tem 15 dias, após o fecho das urnas, para anunciar os resultados oficiais das eleições, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, depois de concluída a análise, também, de eventuais recursos, mas sem um prazo definido para esse efeito.
As eleições gerais incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
EAC (PVJ) // VM
Lusa/Fim